quinta-feira, 6 de junho de 2013

Carta Aberta ao Meu Irmão Caçula



Não pedi por você. Nunca me perguntaram se eu queria um irmão menor, branquelo, de bochechas enormes e vivíssimos olhos escuros. Não checaram meu interesse em levar para casa um menino que ia roubar meu colo, pegar meus brinquedos, chorar o tempo todo e fazer os adultos falarem feito bobos. Ninguém quis saber a minha opinião, mas você foi pra casa assim mesmo. A barriga da mamãe sumiu e você apareceu. O jeito foi lidar com a situação.

Durante vários anos, tive um passatempo: implicar com você. Ah! vai dizer que não era bom?! Pobre dona Marlene, tendo que aturar um desenho do Tom & Jerry ao vivo, todos os dias. Era implicância demais, por motivo de menos. "Olha ele me olhando!"; "olha ele me encostando!"; "olha ele existindo! Não dá pra devolver?". Claro que também brincávamos, quando não estávamos brigando. Como nunca fui uma pessoa de muito mimimi, você era a chance de brincar de golzinho, corrida de tampinha e subir em árvore. Nunca te expliquei muito bem, mas mesmo àquela época, eu já te amava desesperadamente. É que esses conceitos são muito vagos para os corações infantis. Criança não precisa de tanta definição.

Prova de que, não, eu não queria te devolver, é o sentimento de proteção que sempre tive por você. Não sei bem como a gente explica certas coisas. Tem palavra que não aceita cair do pé. Embora eu gostasse muito de brigar contigo, esse era um direito só meu. "Não mexa com o meu irmão" - esse era o espírito. Sempre fui ruim pra brigar com outras pessoas, mas não me esqueço um dia que bateram em você na escola. Acho que poucas vezes eu consegui ficar tão brava até hoje. E assim se desenrolou uma história de estica e puxa, em que a gente cresceu, amadureceu, aprendeu a conversar e fortaleceu laços e amor. 

O tipo de amor que se tem por irmãos mais novos é engraçado. Ali tem um pouco de tudo: amor de amiga, amor de irmã mais velha, de irmã mais nova, de tiete e até de mãe. É bonito demais ver alguém que nem dentes tinha - que chorava se esquecia o dever de casa - crescer, se desenvolver e virar um Homem. E veja bem, não estou falando moço, nem rapaz. Estou dizendo Homem de verdade, do tipo íntegro, responsável e provedor. Estou falando do tipo de homem que eu admiro e que, sem nem saber, torcia para que você se tornasse. Como dizemos no nosso Querido Estado de Goiás, você não deitou com as cargas! Foi construindo um caminho admirável, se tornando sempre melhor. Bom poder dizer isso: tenho orgulho de você.

Sei que o que temos é um amor que nos une, que vai e volta. Sei que você também tem essa coisa de proteger. Há um dia específico em que você foi um pai. Tenho certeza de que você se lembra e quero que saiba que não me esqueço. Pois rasguemos a seda do mundo inteiro! Estou muito orgulhosa das suas conquistas, do futuro que você está construindo. Não li uma linha do que você leu, não chutei uma só pedra do caminho que você percorreu, mas permita-me pegar carona na sua felicidade.

Como eu disse pra Geo há uns dias, "te amo muito mais do que poderia caber num texto curto, escrito por uma pessoa de vocabulário reduzido".

Arrocha, Dinho!
Te amo.

Beijão
Nanda 
(ele não me chama de Fê Coelho, fazer o quê. rsrsrs)












0 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...