Imagem: revista Exame
Dizem que todo trabalho tem coisas boas e ruins. Eu até concordo com essa afirmação, mas preciso dizer que a proporção usada para distribuir essas coisas varia muito.
Vou contar o que me aconteceu hoje, mas antes me permita afrouxar o nó da gravata e me servir de uma dose de whisky puro.
Pronto. Agora posso contar que porcaria de dia eu tive.
Eu trabalho em um banco privado. Sou gerente. Por favor, esperem até que eu termine de contar a minha história, para iniciar suas preces.
Todos os dias, tenho uma pilha de papéis para checar. Documentos e propostas entulham a minha mesa e eu pareço ser incapaz de acabar com os montes de bilhetinhos. Sem contar as metas. Ah se eu pudesse... Se eu pudesse ser um animal mítico, gostaria de ser um dragão, só pelo prazer de ver aqueles papéis indo pro espaço. Juro que ia caprichar na labareda. E junto com os papéis, ia queimar o traseiro do estagiário novo. O que nos leva ao assunto principal. Meu dia de cão.
Estava eu, distraído com meus xingamentos mentais acerca da quantidade de papéis em minha mesa, quando o maldito estagiário chegou. Veio todo sorridente e solícito, se oferecendo para entregar meus papeis para o chefe – que diga-se de passagem, eu odeio.
Eu, burro que sou, aceitei a ajuda. Quando o magricela perguntou que pilha deveria levar, eu apenas apontei com o queixo, fazendo um bico junto. Minha mulher já me disse para parar com essa mania. Quem sabe agora eu aprendo. O diabo é que o telefone tocou bem na hora que o estagiário pegava os papeis. Como eu não sinalizei direito, o infeliz levou uma pilha de rascunhos e, acredito eu, colocou sobre a mesa do chefe, arreganhando os dentes.
Não haveria problema nenhum se, entre os rascunhos não estivesse um desenho. Não haveria problema algum se fosse um desenho qualquer. O inferno é que o desenho em questão era um bonequinho de vudu, todo espetado e com o nome do chefe em cima. O Valadão havia me matado de raiva no dia anterior e eu ainda não havia me desfeito de minha obra-prima.
Quando percebi o que havia acontecido, senti que poderia morrer ali mesmo. Talvez eu devesse ter me esforçado para conseguir morrer. O Valadão ia arrancar o meu couro. Droga! Eu tinha de descobrir uma maneira de tirar aquele maldito desenho da sala do chefe. Precisava mesmo de um milagre. Acreditem ou não, o milagre veio.
Tenho um filho adolescente, que para dizer o mínimo é o cão. Esta semana, ele foi pego na escola com alguns exemplares de peido alemão. Foi suspenso, depois que empestiou toda a sala de aula e fez 25 adolescentes vomitarem até as tripas. Como prova do crime, eu levei para casa o saquinho com os pequenos pavis fedorentos, que ficaram dentro da minha pasta.
Juro que não imaginava o efeito, quando acendi cinco deles no corredor da agência. Meus amigos, aquela coisa fede muito! Consegui tirar meu chefe da sua sala. Para ser sincero, ele não ficou no trabalho. Teve que ir para casa depois que eu vomitei em sua camisa. A agência teve que ficar fechada. Não havia a menor condição de qualquer humano permanecer ali dentro, por pior que fosse seu olfato.
Resolvi o problema com meu desenho, mas arranjei um infinitamente pior. Claro que as câmeras internas me pegaram em ação. Não preciso dizer que fui demitido. Agora vem o cúmulo do ridículo: virei ícone da subversão na escola do meu filho. Os meninos me acham genial, as meninas me acham nojento. Os pais me acham um mané.
Se eu pego aquele estagiário, juro que acabo com ele.
3 comentários:
kkkkkk!!! rachei..
ai q burro da 0 pra ele!!! kkk
rsrsrs....
Fui bancário no final dos anos 70 e metade dos 80.
A gente mandava os mais novos ir no almoxarifado buscar Papel carbono pautado e a máquina de achar diferença!
Cada uma.....
Bom final de semana.
A máquina de achar diferença é um clássico. kkkkkk Sei porque tive e tenho parentes bancários.
Tinha também um tal envelope redondo pra mandar circular, que matava o povo. hahahahahah
Com o advento do assédio moral, acho que a moda acabou. Será?
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