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Há um tempo, tive um ímpeto de rasgar o verbo e falar meio mundo de coisas nesse post aqui, ó. Mas naquela época me refreei. Foi uma atitude sensata para a ocasião. Acontece que não vou repetir o feito. O blog é meu, a raiva é minha e hoje quero falar sobre um assunto que sempre me tirou do sério: as vítimas.
Termo advindo do latim victimia ou victus, vítima quer dizer vencido, dominado. Puro glamour, não? É por isso que considero essa uma das posturas mais tristes que se possa adotar ao longo da vida.
O papel de vítima pode se prestar a muitos objetivos: sentir pena de si mesmo, isentar-se da responsabilidade pela própria vida, mascarar o medo do fracasso. Todavia, eu acredito - e note-se que estou falando de uma crença pessoal, sem nenhum embasamento teórico - que uma das funções mais importantes do papel de vítima seja a manipulação. Porque uma vítima bem montada é capaz de trazer à tona os sentimentos de piedade e de empatia das pessoas. E aí, meu amigo, já era.
Uma vítima bem estruturada nunca será uma pessoa ruim. Ela sempre será boa, terá bons sentimentos - que, obviamente, serão menosprezados e maltratados pelas outras pessoas -, terá boas intenções e dirá que está ali "pro que der e vier". Desculpem-me o clichê, mas não é possível caracterizar bem uma vítima sem usar uma tonelada deles. Vítimas são amontoados de lugares comuns. São pessoas que sofrem demais, porque são muito azaradas e porque tudo só acontece com elas. São indivíduos que nunca "fizeram nada".
O que as vítimas não entendem é que, mesmo que isso fosse verdade, o fato de não fazer nada já é uma opção. A omissão é uma escolha. E é aí que a coisa complica. Porque, na cabeça de uma boa vítima, a ação é sempre do outro. O vizinho, o namorado, a ex, o cosmo, o destino, a senhora com vestido de bolinha vermelha parada no ponto de ônibus, todos são agentes, menos a vítima. Porque ela quer fazer crer que está sendo alvo de uma conspiração, de alguma espécie de perseguição ou, pra dizer o mínimo, de uma tramoia do destino. Afinal de contas, o mundo vai ser sempre um lugar hostil e injusto para com as vítimas.
Se você é uma dessas pessoas e está lendo esse texto até agora, vou te contar uma coisa, chuchu. E não é coisa da minha cabeça não. Vou citar gente importante. Prepare-se para uma frase de Jean-Paul Sartre: "Tu és metade vítima, metade cúmplice, como todos os outros".
Entenderam, vítimas queridas? Podem espernear à vontade, mas vocês têm responsabilidade, sim. O mundo não está aí pra brincadeira e a vida é essa aí mesmo, com tudo o que possa acontecer.
Desde um pneu furado, passando por uma unha quebrada, contornando uma nota ruim em uma prova para a qual você não estudou o suficiente, chegando a uma gravidez indesejada, dando de cara com um divórcio e se estendendo até a beira do caixão, ah, meu amigo é tudo no "Rachid". A conta da vida é rachada mesmo: 50% pra mim, 50% pro mundo; metade pra você, metade por azar; 1/2 pra vítima, 1/2 pro algoz; 2/4 pra você e o resto pro que quer que seja. E não se engane! Você vai ter que assumir a sua parte, cedo ou tarde.
Então façam-me o favor, vítimas do mundo: endireitem essa coluna, enxuguem as lágrimas, tirem a fantasia de mártir e desfaçam essa cara de cachorro que caiu da mudança. Peguem o fardo de responsabilidade que lhes é destinado e, pelo amor do que quiserem, vão viver!
Espero ter sido clara.
Fê Coelho
Um espaço para dividir minhas crônicas, outros textos e percepções malucas.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Sobre Vítimas.
Há um tempo, tive um ímpeto de rasgar o verbo e falar meio mundo de coisas nesse post aqui, ó. Mas naquela época me refreei. Foi uma atitude sensata para a ocasião. Acontece que não vou repetir o feito. O blog é meu, a raiva é minha e hoje quero falar sobre um assunto que sempre me tirou do sério: as vítimas.
Termo advindo do latim victimia ou victus, vítima quer dizer vencido, dominado. Puro glamour, não? É por isso que considero essa uma das posturas mais tristes que se possa adotar ao longo da vida.
O papel de vítima pode se prestar a muitos objetivos: sentir pena de si mesmo, isentar-se da responsabilidade pela própria vida, mascarar o medo do fracasso. Todavia, eu acredito - e note-se que estou falando de uma crença pessoal, sem nenhum embasamento teórico - que uma das funções mais importantes do papel de vítima seja a manipulação. Porque uma vítima bem montada é capaz de trazer à tona os sentimentos de piedade e de empatia das pessoas. E aí, meu amigo, já era.
Uma vítima bem estruturada nunca será uma pessoa ruim. Ela sempre será boa, terá bons sentimentos - que, obviamente, serão menosprezados e maltratados pelas outras pessoas -, terá boas intenções e dirá que está ali "pro que der e vier". Desculpem-me o clichê, mas não é possível caracterizar bem uma vítima sem usar uma tonelada deles. Vítimas são amontoados de lugares comuns. São pessoas que sofrem demais, porque são muito azaradas e porque tudo só acontece com elas. São indivíduos que nunca "fizeram nada".
O que as vítimas não entendem é que, mesmo que isso fosse verdade, o fato de não fazer nada já é uma opção. A omissão é uma escolha. E é aí que a coisa complica. Porque, na cabeça de uma boa vítima, a ação é sempre do outro. O vizinho, o namorado, a ex, o cosmo, o destino, a senhora com vestido de bolinha vermelha parada no ponto de ônibus, todos são agentes, menos a vítima. Porque ela quer fazer crer que está sendo alvo de uma conspiração, de alguma espécie de perseguição ou, pra dizer o mínimo, de uma tramoia do destino. Afinal de contas, o mundo vai ser sempre um lugar hostil e injusto para com as vítimas.
Se você é uma dessas pessoas e está lendo esse texto até agora, vou te contar uma coisa, chuchu. E não é coisa da minha cabeça não. Vou citar gente importante. Prepare-se para uma frase de Jean-Paul Sartre: "Tu és metade vítima, metade cúmplice, como todos os outros".
Entenderam, vítimas queridas? Podem espernear à vontade, mas vocês têm responsabilidade, sim. O mundo não está aí pra brincadeira e a vida é essa aí mesmo, com tudo o que possa acontecer.
Desde um pneu furado, passando por uma unha quebrada, contornando uma nota ruim em uma prova para a qual você não estudou o suficiente, chegando a uma gravidez indesejada, dando de cara com um divórcio e se estendendo até a beira do caixão, ah, meu amigo é tudo no "Rachid". A conta da vida é rachada mesmo: 50% pra mim, 50% pro mundo; metade pra você, metade por azar; 1/2 pra vítima, 1/2 pro algoz; 2/4 pra você e o resto pro que quer que seja. E não se engane! Você vai ter que assumir a sua parte, cedo ou tarde.
Então façam-me o favor, vítimas do mundo: endireitem essa coluna, enxuguem as lágrimas, tirem a fantasia de mártir e desfaçam essa cara de cachorro que caiu da mudança. Peguem o fardo de responsabilidade que lhes é destinado e, pelo amor do que quiserem, vão viver!
Espero ter sido clara.
Fê Coelho
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Quem sou eu
A autora por ela mesma
- Fernanda Coelho
- Uma pessoa muito bem humorada, otimista incorrigível, tentando se encontrar nesse mundo maluco.
Boas vindas.
Seja bem vindo você que vem curioso, que vem interessado ou mesmo desacreditado.
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
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2 comentários:
;) entendi sim. pode deixar. ;)
Não foi pra você,Leo. Você não é vítima. Nunca vi cangaceiro vítima. Isso não existe.
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