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Nem todos os personagens dariam boas pessoas; assim como nem todas as pessoas viram bons personagens. Todavia, vez em quando, calha de essas duas coisas se encontrarem e aí, meu amigo, é uma festa só! Conheci uma criatura assim, com pinta de personagem, essa semana. Seu nome? Chico.
O Chico é o dono de uma livraria situada na Universidade de Brasília (UnB) e, pelo que eu entendi, se a gente procurar direito, encontra uma daquelas plaquinhas de patrimônio nele. São, afinal, trinta e cinco anos na Universidade. Não tivemos muito tempo para conversar sobre a sua história; ele está o tempo todo atendendo alguém. Mas nem precisava. Eu não fora ali atrás disso; queria mesmo era conhecer a pessoa, o personagem-Chico. E foi o que fiz.
Cheguei logo depois do almoço, dirigi-me ao balcão de informações e perguntei pela livraria do senhor Francisco. O guarda olhou para mim com uma cara engraçada, de quem não está entendendo muito bem. Precisei explicar: "estou procurando a livraria do seu Francisco - o que apareceu na televisão, há uns dias". Aí tudo fez sentido. "Ah! Você está procurando a livraria do Chico!" - disse-me ele. E saindo do seu posto, o guarda deu uns poucos passos e me mostrou a entrada do estabelecimento. Trata-se de uma sala pequena, com paredes cobertas por prateleiras abarrotadas de livros. Pelo que pude perceber, existe alguma catalogação; embora desconfie que a lógica de distribuição das coisas esteja prioritariamente na cabeça do livreiro. Há poucos bancos e, acredite, eles não ficam desocupados por muito tempo. As pessoas que observei entravam na livraria e acabavam ficando um bocadinho.
O Chico não estava lá. Esperei. E quando ele chegou, estava sorridente, apressado e com as mãos cheias de sacolas abarrotadas de livros.
Apresentei-me com um "Oi Chico. Sou Fernanda, a escritora que te ligou ontem, lembra?". Sua resposta não poderia ter sido mais original. Tirou de uma das sacolas um livro do Paulo Leminski, abriu numa página qualquer e me disse: "lê esse poema pra gente." Olhei para as pessoas dentro da pequena livraria e, sentindo que não tinha muita escolha, li. As pessoas aplaudiram e o livro passou para as mãos de outro frequentador, que foi aplaudido e seguido por mais uma leitura. "O Leminski ultrapassou um best seller cinzento em número de vendas no Brasil" - ele dizia - "vamos ler para comemorar!". E assim, todos os clientes que entravam na livraria liam um poema antes de saírem. Penduravam a conta, mas não a leitura.
Foi uma tarde excelente, com boa prosa, bons versos e muitas risadas. Isso me deixou feliz, mas as entrelinhas daquela tarde me encantaram muito mais.
Percebi que eu estava diante de um homem com origem muito simples e que fez sua história sobre um caminho de parágrafos e páginas. Entendi, mais uma vez, o poder que as palavras têm para fazer diferente a vida das pessoas e para aglutinar. Admirei a força que há por trás do trabalho que é feito com amor e saí levando comigo um pouco dessa energia boa, dessa vontade de construir, de realizar. Trouxe para casa um livro de poesias devidamente autografado pelo autor, Daniel Faria, e um bocado de paz interior - do tipo que se consegue quando se vê algo simples, sábio e - pela falta de palavra que descreva melhor - bacana (muito bacana!).
Despedi-me após prometer que voltava.
- Você vai voltar logo, não vai?
- Vou sim, Chico. Adorei conhecer a sua casa.
E sinto que nesse ponto, talvez tenha sido injusta: aquela não é a casa do Chico; é o seu castelo!
Beijinhos
Fê Coelho
Plágio é crime e deve ser encarado como tal. A divulgação dos escritos é uma honra, mas os créditos são compulsórios.
Um espaço para dividir minhas crônicas, outros textos e percepções malucas.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
O Chico
Nem todos os personagens dariam boas pessoas; assim como nem todas as pessoas viram bons personagens. Todavia, vez em quando, calha de essas duas coisas se encontrarem e aí, meu amigo, é uma festa só! Conheci uma criatura assim, com pinta de personagem, essa semana. Seu nome? Chico.
O Chico é o dono de uma livraria situada na Universidade de Brasília (UnB) e, pelo que eu entendi, se a gente procurar direito, encontra uma daquelas plaquinhas de patrimônio nele. São, afinal, trinta e cinco anos na Universidade. Não tivemos muito tempo para conversar sobre a sua história; ele está o tempo todo atendendo alguém. Mas nem precisava. Eu não fora ali atrás disso; queria mesmo era conhecer a pessoa, o personagem-Chico. E foi o que fiz.
Cheguei logo depois do almoço, dirigi-me ao balcão de informações e perguntei pela livraria do senhor Francisco. O guarda olhou para mim com uma cara engraçada, de quem não está entendendo muito bem. Precisei explicar: "estou procurando a livraria do seu Francisco - o que apareceu na televisão, há uns dias". Aí tudo fez sentido. "Ah! Você está procurando a livraria do Chico!" - disse-me ele. E saindo do seu posto, o guarda deu uns poucos passos e me mostrou a entrada do estabelecimento. Trata-se de uma sala pequena, com paredes cobertas por prateleiras abarrotadas de livros. Pelo que pude perceber, existe alguma catalogação; embora desconfie que a lógica de distribuição das coisas esteja prioritariamente na cabeça do livreiro. Há poucos bancos e, acredite, eles não ficam desocupados por muito tempo. As pessoas que observei entravam na livraria e acabavam ficando um bocadinho.
O Chico não estava lá. Esperei. E quando ele chegou, estava sorridente, apressado e com as mãos cheias de sacolas abarrotadas de livros.
Apresentei-me com um "Oi Chico. Sou Fernanda, a escritora que te ligou ontem, lembra?". Sua resposta não poderia ter sido mais original. Tirou de uma das sacolas um livro do Paulo Leminski, abriu numa página qualquer e me disse: "lê esse poema pra gente." Olhei para as pessoas dentro da pequena livraria e, sentindo que não tinha muita escolha, li. As pessoas aplaudiram e o livro passou para as mãos de outro frequentador, que foi aplaudido e seguido por mais uma leitura. "O Leminski ultrapassou um best seller cinzento em número de vendas no Brasil" - ele dizia - "vamos ler para comemorar!". E assim, todos os clientes que entravam na livraria liam um poema antes de saírem. Penduravam a conta, mas não a leitura.
Foi uma tarde excelente, com boa prosa, bons versos e muitas risadas. Isso me deixou feliz, mas as entrelinhas daquela tarde me encantaram muito mais.
Percebi que eu estava diante de um homem com origem muito simples e que fez sua história sobre um caminho de parágrafos e páginas. Entendi, mais uma vez, o poder que as palavras têm para fazer diferente a vida das pessoas e para aglutinar. Admirei a força que há por trás do trabalho que é feito com amor e saí levando comigo um pouco dessa energia boa, dessa vontade de construir, de realizar. Trouxe para casa um livro de poesias devidamente autografado pelo autor, Daniel Faria, e um bocado de paz interior - do tipo que se consegue quando se vê algo simples, sábio e - pela falta de palavra que descreva melhor - bacana (muito bacana!).
Despedi-me após prometer que voltava.
- Você vai voltar logo, não vai?
- Vou sim, Chico. Adorei conhecer a sua casa.
E sinto que nesse ponto, talvez tenha sido injusta: aquela não é a casa do Chico; é o seu castelo!
Beijinhos
Fê Coelho
Quem sou eu
A autora por ela mesma
- Fernanda Coelho
- Uma pessoa muito bem humorada, otimista incorrigível, tentando se encontrar nesse mundo maluco.
Boas vindas.
Seja bem vindo você que vem curioso, que vem interessado ou mesmo desacreditado.
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
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