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As histórias da Galera Aqui de Casa, por algum motivo que não sei explicar, convencem as pessoas. Não é raro alguém vir me avisar que andou recebendo uma visitinha da Isaura ou do Seu Manoel. Pelo contrário: vira e mexe alguém me pede para buscar a Isaura de volta, ou informa que o Dr Ptolomeu - que pretendo apresentar a vocês em outra oportunidade - resolveu aparecer. Não sei bem o motivo de meus personagens terem caído no gosto dos amigos. Talvez seja apenas uma forma de se identificar com algo comum; talvez um jeito bem-humorado de lidar com o cotidiano. Fato é que a Galera só aumenta. Para cada mania, vontade, hábito ou o que quer que seja, surge um tipo novo. E é por isso que tenho o prazer de apresentar a vocês a Flora Bicho Grilo.
Flora Bicho Grilo é uma prima da Isaura, que conheci depois de uma amiga minha (gente de verdade, de carne, osso e maluquices) me falar de suas visitinhas. Flora é uma mocinha magra, de cabelos castanhos, enrolados e meio presos por uma trança frouxa de onde pendem minúsculas flores. Usa um vestido esvoaçante branco e tem o sorriso fácil das pessoas despreocupadas. Nasceu no interior, numa vila pequena daquelas com casinhas caiadas de branco, esquecida entre pastos, morros e rios. Não conheceu a cidade até os quinze anos, quando foi visitar uma madrinha sua. E devo dizer: sua primeira, segunda, terceira e milésima impressões não foram boas. Acontece que ela acha tudo muito cheio de concreto, sem cheiro de mato, sem barulho de grilo, sem brilho de estrela. Acha o fim do mundo, as pessoas ficarem engaioladas, para se proteger dos perigos dessa terra barulhenta e cheia de fumaça. A Flora simplesmente não se acostuma.
É por isso que ela procura alguns cantos que tenham gente calma, que não tenha tanta pressa. Ela gosta de jardim, de planta, bicho e música leve. E não costuma prestar muita atenção a um monte de coisas que a gente acha importante, como os horários, as contas, e os prazos. Se você estiver correndo e procurando desesperadamente a chave do carro, não tente pedir ajuda à Flora. Ela vai provavelmente te irritar com comentários sobre alguma florzinha em algum canto qualquer, ou sobre como você vai acabar infartando, vítima do stress e de como as pessoas fizeram da vida uma corrida desenfreada. E vai tentar te convencer de que talvez seja uma hora apropriada para adubar o jardim, ou podar uma planta, ou levar os cachorros para um passeio.
Em noite de lua, Bicho Grilo gosta de se deitar na rede e ficar quietinha, só olhando e sentindo a temperatura cair de mansinho. Gosta de conversar sobre como seria bacana estar noutro lugar e de inventar histórias que não aconteceram. Flora é uma sonhadora, um espírito livre e difícil de se perceber - até porque Flora é fã das sutilezas. Ela se mistura na paisagem e deixa conosco apenas aquela vontade ligeira de estar num lugar melhor, mais calmo, cheio de vida e de paz.
Não entendo como pode, esses personagens irem tomando forma num imaginário coletivo que a gente lá vai construindo. O que sei, todavia, é que cada vez que um deles surge, um pouco mais de graça pula para os meus dias.
Gostei da Flora. Acho que vamos nos dar muito bem. Acredito que nossas conversas serão algo assim:
- Viu, Flora, aquela paineira toda florida?
- Vi não, mas o beija-flor que passou voando por aqui agorinha era uma graça. Pra onde será que ele foi?
E que os dias sejam de paz.
Beijinhos
Fê Coelho
Plágio é crime e deve ser encarado como tal. A divulgação dos escritos é uma honra, mas os créditos são compulsórios.
Um espaço para dividir minhas crônicas, outros textos e percepções malucas.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
Flora Bicho Grilo
As histórias da Galera Aqui de Casa, por algum motivo que não sei explicar, convencem as pessoas. Não é raro alguém vir me avisar que andou recebendo uma visitinha da Isaura ou do Seu Manoel. Pelo contrário: vira e mexe alguém me pede para buscar a Isaura de volta, ou informa que o Dr Ptolomeu - que pretendo apresentar a vocês em outra oportunidade - resolveu aparecer. Não sei bem o motivo de meus personagens terem caído no gosto dos amigos. Talvez seja apenas uma forma de se identificar com algo comum; talvez um jeito bem-humorado de lidar com o cotidiano. Fato é que a Galera só aumenta. Para cada mania, vontade, hábito ou o que quer que seja, surge um tipo novo. E é por isso que tenho o prazer de apresentar a vocês a Flora Bicho Grilo.
Flora Bicho Grilo é uma prima da Isaura, que conheci depois de uma amiga minha (gente de verdade, de carne, osso e maluquices) me falar de suas visitinhas. Flora é uma mocinha magra, de cabelos castanhos, enrolados e meio presos por uma trança frouxa de onde pendem minúsculas flores. Usa um vestido esvoaçante branco e tem o sorriso fácil das pessoas despreocupadas. Nasceu no interior, numa vila pequena daquelas com casinhas caiadas de branco, esquecida entre pastos, morros e rios. Não conheceu a cidade até os quinze anos, quando foi visitar uma madrinha sua. E devo dizer: sua primeira, segunda, terceira e milésima impressões não foram boas. Acontece que ela acha tudo muito cheio de concreto, sem cheiro de mato, sem barulho de grilo, sem brilho de estrela. Acha o fim do mundo, as pessoas ficarem engaioladas, para se proteger dos perigos dessa terra barulhenta e cheia de fumaça. A Flora simplesmente não se acostuma.
É por isso que ela procura alguns cantos que tenham gente calma, que não tenha tanta pressa. Ela gosta de jardim, de planta, bicho e música leve. E não costuma prestar muita atenção a um monte de coisas que a gente acha importante, como os horários, as contas, e os prazos. Se você estiver correndo e procurando desesperadamente a chave do carro, não tente pedir ajuda à Flora. Ela vai provavelmente te irritar com comentários sobre alguma florzinha em algum canto qualquer, ou sobre como você vai acabar infartando, vítima do stress e de como as pessoas fizeram da vida uma corrida desenfreada. E vai tentar te convencer de que talvez seja uma hora apropriada para adubar o jardim, ou podar uma planta, ou levar os cachorros para um passeio.
Em noite de lua, Bicho Grilo gosta de se deitar na rede e ficar quietinha, só olhando e sentindo a temperatura cair de mansinho. Gosta de conversar sobre como seria bacana estar noutro lugar e de inventar histórias que não aconteceram. Flora é uma sonhadora, um espírito livre e difícil de se perceber - até porque Flora é fã das sutilezas. Ela se mistura na paisagem e deixa conosco apenas aquela vontade ligeira de estar num lugar melhor, mais calmo, cheio de vida e de paz.
Não entendo como pode, esses personagens irem tomando forma num imaginário coletivo que a gente lá vai construindo. O que sei, todavia, é que cada vez que um deles surge, um pouco mais de graça pula para os meus dias.
Gostei da Flora. Acho que vamos nos dar muito bem. Acredito que nossas conversas serão algo assim:
- Viu, Flora, aquela paineira toda florida?
- Vi não, mas o beija-flor que passou voando por aqui agorinha era uma graça. Pra onde será que ele foi?
E que os dias sejam de paz.
Beijinhos
Fê Coelho
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Crônicas de Quinta,
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Quem sou eu
A autora por ela mesma
- Fernanda Coelho
- Uma pessoa muito bem humorada, otimista incorrigível, tentando se encontrar nesse mundo maluco.
Boas vindas.
Seja bem vindo você que vem curioso, que vem interessado ou mesmo desacreditado.
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
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