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Há alguns dias eu quis me sentar no chão do metrô, mas não pude.
Se havia espaço? Sim. Havia espaço de sobra. E não, não havia bancos disponíveis.
Se minha roupa poderia ficar estragada? Não. Eu estava de calça jeans.
Se eu estava cansada? O suficiente para cogitar a possibilidade de me sentar no chão.
Então o que (seria mais adequado dizer "quem") me impediu? Meus scarpins. Ok, eu sei que a resposta foi estranha - pra dizer o mínimo - mas eu posso tentar justificar, não? Vamos aos argumentos.
A despeito do aviso de que é proibido se agachar ou sentar no piso dos trens, várias pessoas sucumbem à tentação. A volta para casa é longa, não há bancos para todos, estão todos cansados e essas coisas que quem usa transporte coletivo conhece. Assim sendo, é perfeitamente corriqueiro ver várias pessoas sentadas no soalho nas extremidades dos vagões. Alguns inclusive se apoderam do espaço reservado para usuários de cadeira de rodas, entretanto essa é conversa para outro post.
Eu devo dizer que por duas vezes já me juntei à turba dos "sem- assento", mas eram dias difíceis. Acontece que o dia em questão havia sido um desses dias complicados. Eu estava mor-ti-nha de cansaço. Então por que não me sentei no soalho do trem? Já disse. Meus scarpins não me deixaram.
Foi um diálogo mental, o que se deu quando minhas pernas começaram a fraquejar.
- Que diabos você pensa que está fazendo? - eles perguntaram enfurecidos.
- Vou me sentar. - respondi irritada.
- Ah sim, ela vai se sentar - disse o sapato esquerdo para o direito. (o sapato esquerdo é mais liberal)
- Nem F@#&ndo, ela vai se sentar no piso do trem.
- Mas tem um monte de gente sentado! - eu argumentei.
- Sim, tem um monte de gente sentado - disse o scarpin esquerdo, meu favorito (tudo bem que eu sou canhota)
- Mas observe as roupas de quem está sentado no chão! - Exigiu o chato scarpin direito.
E eu observei.
As pessoas largadas no chão estavam de bermudas, calças jeans, sandálias rasteirinhas e tênis. Todas com roupas informais e descontraídas.
- Está vendo? - disse o scarpin direito - Não tem uma só pessoa de scarpins sentada no chão.
- Sim, estou vendo - pensei eu, mal humorada, reconhecendo que ele estava certo. - Você é um chato, insuportável.
- Que seja, minha filha, mas mantenha o mínimo de dignidade. Você quis ir para o trabalho usando scarpins. Sabia que passaria doze horas de pé e que teria que voltar para casa de metrô. Você sabia de tudo e, ainda assim, nos tirou do armário. Agora aguente firme. Não vá perder a classe no último instante.
Olhei para o scarpin esquerdo, procurando um pouco de apoio. Ele estava assoviando. Filho da puta!
Morta de cansaço, desalentada e traída, eu terminei a viagem de trem em pé - cheia de uma dignidade pra lá de dolorida.
Quanto aos sapatos palpiteiros? Bem, eles não saíram do armário depois desse dia.
Beijinhos
Fê
Plágio é crime e deve ser encarado como tal. A divulgação dos escritos é uma honra, mas os créditos são compulsórios.
Um espaço para dividir minhas crônicas, outros textos e percepções malucas.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sobre o dia em que obdeci aos meus sapatos.
Há alguns dias eu quis me sentar no chão do metrô, mas não pude.
Se havia espaço? Sim. Havia espaço de sobra. E não, não havia bancos disponíveis.
Se minha roupa poderia ficar estragada? Não. Eu estava de calça jeans.
Se eu estava cansada? O suficiente para cogitar a possibilidade de me sentar no chão.
Então o que (seria mais adequado dizer "quem") me impediu? Meus scarpins. Ok, eu sei que a resposta foi estranha - pra dizer o mínimo - mas eu posso tentar justificar, não? Vamos aos argumentos.
A despeito do aviso de que é proibido se agachar ou sentar no piso dos trens, várias pessoas sucumbem à tentação. A volta para casa é longa, não há bancos para todos, estão todos cansados e essas coisas que quem usa transporte coletivo conhece. Assim sendo, é perfeitamente corriqueiro ver várias pessoas sentadas no soalho nas extremidades dos vagões. Alguns inclusive se apoderam do espaço reservado para usuários de cadeira de rodas, entretanto essa é conversa para outro post.
Eu devo dizer que por duas vezes já me juntei à turba dos "sem- assento", mas eram dias difíceis. Acontece que o dia em questão havia sido um desses dias complicados. Eu estava mor-ti-nha de cansaço. Então por que não me sentei no soalho do trem? Já disse. Meus scarpins não me deixaram.
Foi um diálogo mental, o que se deu quando minhas pernas começaram a fraquejar.
- Que diabos você pensa que está fazendo? - eles perguntaram enfurecidos.
- Vou me sentar. - respondi irritada.
- Ah sim, ela vai se sentar - disse o sapato esquerdo para o direito. (o sapato esquerdo é mais liberal)
- Nem F@#&ndo, ela vai se sentar no piso do trem.
- Mas tem um monte de gente sentado! - eu argumentei.
- Sim, tem um monte de gente sentado - disse o scarpin esquerdo, meu favorito (tudo bem que eu sou canhota)
- Mas observe as roupas de quem está sentado no chão! - Exigiu o chato scarpin direito.
E eu observei.
As pessoas largadas no chão estavam de bermudas, calças jeans, sandálias rasteirinhas e tênis. Todas com roupas informais e descontraídas.
- Está vendo? - disse o scarpin direito - Não tem uma só pessoa de scarpins sentada no chão.
- Sim, estou vendo - pensei eu, mal humorada, reconhecendo que ele estava certo. - Você é um chato, insuportável.
- Que seja, minha filha, mas mantenha o mínimo de dignidade. Você quis ir para o trabalho usando scarpins. Sabia que passaria doze horas de pé e que teria que voltar para casa de metrô. Você sabia de tudo e, ainda assim, nos tirou do armário. Agora aguente firme. Não vá perder a classe no último instante.
Olhei para o scarpin esquerdo, procurando um pouco de apoio. Ele estava assoviando. Filho da puta!
Morta de cansaço, desalentada e traída, eu terminei a viagem de trem em pé - cheia de uma dignidade pra lá de dolorida.
Quanto aos sapatos palpiteiros? Bem, eles não saíram do armário depois desse dia.
Beijinhos
Fê
Quem sou eu
A autora por ela mesma
- Fernanda Coelho
- Uma pessoa muito bem humorada, otimista incorrigível, tentando se encontrar nesse mundo maluco.
Boas vindas.
Seja bem vindo você que vem curioso, que vem interessado ou mesmo desacreditado.
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
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Plágio é crime e deve ser encarado como tal. A divulgação dos escritos é uma honra, mas os créditos são compulsórios.
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7 comentários:
Fernanda,obrigada pela visita,pelo comentario e entrei no seu blog,e acho que vou ficar por aqui.....esta muito bom aaqui...rsrs
Um beijo e não perca contato,estarei sempre por aqui..
Sol
Sapatos safados, torturando minha amiga.
Aqui no RJ, n tenho esta sorte. Nem espaço pra sentar no chão existe ¬¬' Além disso, jamais conseguiria dar mais que dois passos de scarpins.
Obrigada pela visita, meninas.
Solange: Seja muito bem vinda. Espero que goste do meu cantinho
Caro: Que saudade amiga. Já te falei pra mudar pra cá. Vem ser minha visinha. rsrsr.
Beijão gentem.
rsrs! não sei se quero um sapato com personalidade kkk
Ah!!!tadinha da minha amiga...o sapato machucou ela...sapato safado...kkkkkkkk!!!amei!!!obrigada pelo seu doce comentário em meu blog...e meus posts andam melancólicos...devido a uma grande saudade que eu estou sentido do meu marido que se foi fazem 17 meses morar com Deus!!tem dias que a saudade dilacera com meu peito...que eu tenho que extravar assim em lágrimas...senão eu morro...bjus queridaa!!
Tem muito sapato que não tem quem aguente ficar por muito tempo. São lindos, classudos, elegantes e blablablá...........mas, só serve calçar se for pra ficar sentada e só.
Muito bom seu post e engraçado tb. :)
Espero não perder contato, viu?
Beijo.
Rebeca
-
@Andre´: Sapatos com personalidade são duros de aguentar, mas são os mais bonitos. As rasteirinhas são dóceis, mas não tem o mesmo charme. rsrsr
@Butterfly, querida. Eu não sabia. Sinto muitíssimo pela sua perda. Obrigada pela visita.
@ Rebeca. Obrigada pela visita. Vamos manter contato sim, até porque seu blog é divertidíssimo.
Beijinho gente.
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