Larissa sentiu o frio do metal dourado em seu dedo anelar esquerdo.
- Larissa, recebe essa aliança em sinal do meu amor e da minha fidelidade.
E ela já não ouvia nada.
Estava na praia, num final de tarde alaranjado e fresco. Caminhava com pés descalços, segurando as sandálias na mão direita. O vento brincava com seus cabelos, jogando-os em seu rosto e embaraçando as madeixas cor de fogo. Não tinha preocupações ou grandes questionamentos espiralando em sua mente, mas caminhava para esvaziá-la do pouco que lá havia.
Em dado momento, sentou-se para admirar o mar. Havia poucas pessoas na água tingida de ocaso. Ela estava tranquila.
- Está bonito mesmo, não?
Larissa sobressaltou-se. Não conhecia aquela voz e nem esperava encontrar alguém sentado ao seu lado. Aquele era um momento só seu. Não queria dividi-lo. Irritou-se.
- Desculpe, mas não te conheço.
- E precisa me conhecer para aceitar o fato de que esse por-do-sol está divino?
Levantou-se e ia saindo de perto do moço de olhos negros e sorriso travesso, quando sentiu uma mão ao redor de seu pulso.
- Me faça companhia. Quero dividir esse por-do-sol com uma bela mulher e você é a única disponível num raio de quilômetros.
- Lisongeiro, mas atrevido demais para o meu gosto. Eu vou nessa, garoto. Fique aí com sua falta de companhia adequada.
- Falo sério. Por favor, me faça companhia e eu te pago um sorvete de limão. Parece ser o seu sabor favorito.
- Ameixa seria melhor - e ela sorriu pela primeira vez.
- Ameixa, então.
Larissa piscou. Uma lágrima rolou por sua bochecha. Rubens ainda tinha o mesmo sorriso travesso do primeiro encontro.
- Eu te amo - ela disse.
E Rubens beijou-lhe a mão adornada de dourado.
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