quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Depois que me tornei mãe


Depois que me tornei mãe muitas coisas mudaram  em mim. Coisas que eu não imaginava e que não pensava serem possíveis.

Me tornei mais tolerante, mais consciente de mim mesma, dos meus sentimentos e pensamentos. Passei a admirar mais a singeleza de cada momento e a singularidade de cada pessoa.

Depois que me tornei mãe, não durmo como antes, não me alimento como antes, nem me desligo da realidade como antes. Tenho horror aos noticiários e às tragédias distribuídas em escala além da industrial, transimitidas ao vivo e amplificadas. Deixei de assistir às novelas e passei a me inundar de programação infantil. E, por incrível que pareça, descobri que não me importo com isso. Aprendi que posso ser a bailarina mais desengonçada da história, que posso ser uma princesa, uma cabeleireira, uma cliente e uma professora na mesma noite. Compreendi que poucas vezes antes fiz coisas tão simples com o prazer eufórico de uma primeira vez constante.

Porque os filhos mudam alguma coisa fundamental em nós. Porque sempre será a primeira vez deles em algo. Porque eles nos transformam em pontos cruciais e alteram toda nossa psique.  Os filhos nos ensinam que existe algo mais importante que nós mesmos e que o agora importa muito, principalmente na medida que ele constrói um futuro que será compartilhado.

Depois que me tornei mãe - valha-me Deus - virei adepta dos clichês. Aceitei que os filhos são tudo em nossa vida, que uma pessoa nunca amou ninguém até ter um filho, que não há mal que dure para sempre, que não existe mãe sem peso na consciência, que tudo o que fazemos é pensando no melhor para os filhos. E o pior de tudo: compreendi que minha mãe não me ameaçava quando me dizia que certas coisas eu só entenderia quando tivesse filhos. Sim, pessoas, eu sou um lugar comum ambulante.

Não que isso seja ruim. No fim das contas, acho que esses clichês são cheios de uma verdade tão grande que irrita mesmo. Porque na maioria esmagadora dos casos, não há como discordar deles.

E descobri que se me fosse dada a chance de escolher outra vida, outro caminho e outras circunstancias, eu provavelmente declinaria a oferta. Eu certamente ia querer o que tenho, da maneira que tenho: com as vantagens, com o cansaço, as lágrimas, os sorrisos, abraços, risadas, sonhos, brincadeiras, broncas, choro, febres, aprendizados e realizações.

Porque são exatamente essas coisas que me permitem dizer, sem medo de errar ou de parecer hipócrita, que sou uma pessoa extremamente feliz.

Beijinhos

8 comentários:

MetallMilitia disse...

E viva a mamãe!

André disse...

♪♪...apesar de termos feito tudo que fizemos. Ainda somos os mesmos e vivemos. Como nossos pais. ♪♪

Unknown disse...

é exatamente assim..... bju

Fernanda Coelho disse...

Metall: e viva todas as mamães. rs. Obrigada

André: Realmente, ainda fazemos muitas coisas parecidas com o que nossos pais faziam. Gosto de complementar essa com uma do Raul: "É que tudo acaba onde começou.."

Gisa, minha flor. E não é que é assim mesmo? Quem poderia imaginar, né?

Beijos, pessoas.

Anônimo disse...

Ô Fernanda,
Que texto bacana, sensível e poético. Superbem escrito. A gente lê e fica querendo mais. E você tem total razão, a gente, depois que é mãe, vira, sim, um amontoado de clichês. Mas é por isso mesmo que são clichês, é porque tratam de verdades, VERDADEIRAS!

Eu agora estou noutra fase. Peraí, acabei de ter uma idéia: Vou escrever o melô das vovós!! Aí sim, tu vais ver o que são clichês, rsrs!! Ah, os netos! Que bom que eles existem. Ih, vou parar, senão começa a babação, rsrs.
Bjssssss

Fernanda Coelho disse...

Ah Marli. Obrigada pela visita. Sobre os netos, uma vez me disseram que avó é mãe com açucar. Imagino como deve ser. rs

Obrigada pelo comentário carinhoso.

Beijos

Unknown disse...

Que texto bonito, xará!
Meu sonho é ser mãe, espero que não demore muito ;P
Muito obrigada pelo comentário no Crônica do Dia!
Beijos!

Fernanda Coelho disse...

Obrigada, xará!
Logo logo você adquire a credencial. Vai ver que não demora nada.
O Cronica do dia, especialmente as suas são parada obrigatória.

beijos

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