Sem pretensão de desprezar os shoppings e todas as novidades que tentam facilitar nossa vida todos os dias, digo que prefiro a simplicidade. A vida está agitada demais para o meu gosto. Não quero escrever aqueles textos bucólicos e piegas, mas sinto falta de tranquilidade. Sinto falta do verde desorganizado e não esculpido; do cheiro de terra molhada e do barulho de gado no curral. Sinto falta de ouvir uma seriema cantando no final da tarde e de pescar lambari no riacho.
Todos os dias, o barulho que ouço é o mesmo: sirenes, motores, buzinas e aqueles carros de som que nos deixam malucos. Preciso de silêncio. Preciso de um pôr do sol que não seja roubado dos poucos segundos parada no semáforo. Quero ter tempo para admirá-lo. Quero uma noite sem nuvens, em que as estrelas possam ser vistas. As luzes dos prédios atrapalham bastante. Nem sei mais para que lado fica o Cruzeiro do sul.
As coisas estão evoluindo muito rápido. Não consigo assimilar tudo. São tantos aparelhos com a sigla MP que, sinceramente, fiquei estacionada no “quatro” – espero que seja aquele que permite ouvir músicas e rádio, ver vídeos e ler textos. As crianças, cada vez mais, estão dependentes de tecnologia. Os brinquedos praticamente brincam sozinhos.
Quero três dias sem relógio, celular, bip, horário nobre, notícias de assassinato e corrupção. Quero três dias em que minha maior preocupação seja levar água para um pé de jabuticaba e andar com cuidado no mato. Quero sentir a temperatura cair, lentamente, no final da tarde e parar para ver a silhueta dos morros quando o dia for acabando. Exijo uma chance de pôr os pés na terra, estou cansada de levar choque. Cansei de eletricidade estática.
Gosto da vida na cidade, mas às vezes é necessário respirar. A lembrança de quem somos e de onde viemos nos mantém centrados para sabermos aonde vamos. Gosto de sanduíches, mas o frango caipira, a couve refogada e a manga colhida no pé têm seu valor. Gosto de televisão e filmes, mas me acabo de rir com histórias que só as pessoas simples de verdade sabem contar. Gosto de caminhar no parque da cidade, mas me encanta andar no mato e parar em cima de um morro, só para ver de longe as casinhas afastadas umas das outras. É bom ver que o horizonte pode estar longe. Gosto da vida que levo e do lugar em que moro. Gosto de barzinhos e de rodízio de pizza. Mas amo a sensação de tranquilidade e de leveza que só se consegue “pondo o pé na roça”.
Por fim, peço licença a Vinícius de Moraes – e perdão aos seus fãs, se estiver cometendo alguma espécie de heresia – para adaptar uma de suas frases.
Que me perdoem os muito high tech, mas simplicidade é fundamental.
Beijinhos
Fê
FLORES? >> Zoraya Cesar
Há 4 horas
4 comentários:
Os outros blogs que me perdoem
Mas A encantadora de palavras é funcamental. É preciso que haja qualquer coisa de Fernada Gonçalvez em tudo isso
hauhuah. Obrigada, André. Você é muito gentil mesmo. Gosta de pé na roça também?
Beijos
Fê, enquanto lia ia lembrando das coisas que também sinto saudades, viver na "cidade grande" e suas facilidades é muito bom, mas, nada substitui a tranquilidade que a gente sente e gosta quando estamos com o "pé na roça"! Beijos!
Nas doses certas, o sucesso é garantido, né?
Beijos
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