Essa semana estava na estação do metrô com meu companheiro livro, aguardando. Em quatro anos de metrô, descobri que levar um livro comigo é indispensável. Meia hora para ir e meia hora para voltar são um tempo precioso que, no início, era ocupado com ... nadica de nada. Percebi que isso era um erro. Primeiro porque ficava absolutamente entediada e, segundo, porque eu invariavelmente me via obrigada a enredar por uma conversa de elevador que durava meia hora. ¬¬
Entendam. Não tenho problema nenhum em conversar. Pelo contrário, acho que falo até demais para o meu próprio bem. Mas daí a ficar uma hora do seu dia conversando sobre como está o tempo ou ouvindo as lamúrias de alguém sobre o preço das passagens ou o quanto o trem está lotado? Nem pensar. Tenho outras coisas a fazer.
Cheguei a pensar na possibilidade de fazer crochê. Sim eu faço crochê e ponto de cruz. Coisa de avó, mas é ótimo para esvaziar a cabeça. A gota d'água foi o dia em que um moço, ávido de conversa, me pediu para ensiná-lo. Eu acabara de atingir um limite. Definitivamente eu não queria ficar conversando com gente que eu não conhecia. Então comecei a ler. Toda vez que a porta do trem abre e eu entro, enfio a cara no livro e vou saculejando até o trabalho. Trato de esconder bem o rosto, porque acho que eu tenho cara de faladeira.
E é esse o ponto em que voltamos ao início do texto. Quando o trem parou na plataforma, vi que era diferente. Entrei e achei meio estranho. Os bancos que ficam lado a lado, deixando um corredor estreito foram colocados encostados na parede do trem. Sobrou um corredor enorme. "Vai dar pra entulhar um monte de gente aqui"- pensei. Diminuíram consideravelmente as barras verticais para a gente se segurar. Agora só tem lugar próximo ao teto. "Droga. Vou ter que ir de salto todo dia agora". Mas o pior só veio quando a gravação que anuncia as estações começou.
A voz é chatinha e fala o nome das estações em português e inglês. Ninguém merece. "Próxima estação: Arniqueiras. Next station: Arniqueiras. No metrô é proibido agaixar e se sentar no piso dos trens. Não incentivem o comércio e as esmolas...Desçam pelo lado direito do trem" Gente! A mulherzinha da gravação não pára de falar hora nenhuma. Um inferno.
Tô perdida. E eu que lia para fugir da falação alheia e agora o próprio metrô é que fala pelos parafusos... Quem sabe daqui há alguns dias eu consigo uma estratégia para me concentrar novamente. Quem sabe vou começar a chegar no trabalho em alfa.
Este fica sendo o primeiro post da série desventuras no metrô. Garanto que a série poderá ser alimentada indefindiamente.
Beijinhos
Fê
2 comentários:
Haha Fê, você acostuma com a gravação chata.
Também perco algum tempo no metrô. Esse mês li O Perfume e A Identidade Bourne, entre ônibus subindo a serra de Petrópolis ou as indas e vindas do metrô.
Não tem jeito, né. Vai aumentando o paginômetro na base do saculejo. hahahah
Postar um comentário