sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O Smeagol nas Lojas Americanas. O.O

Que diabo de título é esse? Eu explico.

Hoje fui atacada por uma vontade maluca de comprar um livro novo. Entendam. Eu precisava realmente de um livro novo. Era uma coisa visceral.

Deixei as meninas na escola e dirigi para o shopping aqui perto de casa, disposta a ir às Lojas Americanas e ver se encontrava algum título baratinho pra tirar da solidão das prateleiras. Encontrei. Férias, da Marian Keyes. Versão de bolso, baratinho. Na medida das minhas necessidades. Exemplar único. Tão sozinho, tão abandonado... Eu não teria coragem de deixá-lo lá.

Quando estava no caixa, encontrei uma mulher que me lembrou o Smeagol. Feia? Nem um pouco. Estava inclusive muitíssimo bem arrumada. "Então qual o motivo da comparação?"

Acontece que o cartão dela não passou. Estava vencido. E...?

E aí a reação dela foi cair na risada e dizer: "Nossa que bom. Assim eu não compro mais nada com ele". Então alguma engrenagem no meu cérebro girou e a ficha caiu.

Afinal, como diz uma música do Frejat, quem é o dono de quem?

Fiquei depois de um tempo matutando sobre o que vi e cheguei à conclusão de que colocamos a culpa dos nossos atos em qualquer pessoa ou, no caso, objeto. Sempre que possível. Como no filme, a mulher pôs a culpa de seu consumismo no cartão. Só que ao contrário do filme, o cartão é um objeto inanimado e totalmente destituído de poderes místicos .

"A gente não conseguiu, mestre... O cartão é poderoso demais... O cartão obrigou a gente a comprar aquela bolsa carésima... Não foi nossa culpa..."

Quem levou quem para a loja?

E então fica a minha reflexão. Por que diabos não conseguimos simplesmente assumir a responsabilidade pelo que fazemos? Por que não podemos reconhecer que gastamos muito, ou que estudamos pouco, ou que não nos esforçamos o bastante? Provavelmente porque é mais fácil responsabilizar a dor de barriga, o colega de trás, o cartão.

E o mais engraçado de tudo foi quando ela, aliviada por ter um cartão vencido, abriu a carteira e retirou outro. Pagou a conta e guardou o famigerado pedacinho de plástico, bem protegido e confortável entre os vários companheiros de sua espécie.

Provavelmente, eles terminaram o dia numa reunião seriíssima sobre o próximo lugar onde levarão a dona para passear.

Beijinhos

2 comentários:

André disse...

Quando penso no seu blog só me vem uma palavra na cabeça:

essencial.

E quando me pergunto o que faço aqui as explicações chegam fácil:

eu venho para ler algo que me faça sorrir, silenciar ou refletir, acho que o mais importante de tudo é que venho para te "ouvir" por letras!

Muito boa a comparação entre o poderoso UM anel para todos dominar e o cartão que tem o poder "do limite" mas que não é só UM. Parece que temos essa cultura do sentimento de vitima, que empilha motivos para diminuir ou desaparecer com a nossa culpa, nossa "máxima" culpa.

Fernanda Coelho disse...

Obrigada pelo carinho, André. Eu fiz a comparação e achei ela meio maluca, mas no final, até que se mostrou plausível

Beijos

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