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O que se pode fazer com o último dia do ano? Como aproveitar o derradeiro suspiro do calendário que derrubou todas as folhas, uma a uma, numa cascata de vida? O que fazer com a sensação de que o dia deveria durar mais que o previsto?
Agora, assim, na foz do ano, no momento em que ele desemboca na memória para virar lembrança e ensinamento, bateu uma nostalgia danada. Veio uma sensação esquisita de despedida, que eu nunca havia experimentado. Deu aquela vontade de permanecer e eu pedi.
"Fica, 2011, que a gente ainda tem muito pra conversar. Não vai embora, assim, de uma vez. Senta um pouco e come um pão de queijo quentinho. Fica porque, embora você tenha sido muito bravo, eu aprendi muito. Vamos aproveitar só mais um pouquinho... E não, não faz essa cara de estressado, de pai que chegou na festa de adolescentes no horário combinado e vai ter que esperar mais meia hora no carro, pro filho tentar a sorte com a menininha de vestido rosa. Não olha pra mim desse jeito. Só fica mais um pouco. E se 2012 for carrancudo? E se ele não gostar de mim? E se ele puser o pé na minha frente, pra eu cair?"
E ele me respondeu.
"Deixe de bobagem, menina. Eu vou pro passado, pro lugar que é dos dias vividos, das boas e más lembranças. Vou pro tempo, pro baú. Me deixa passar, querida, que eu já dei o que tinha que dar. Não me prenda, nem se prenda a mim. Tenha coragem, porque se 2012 for bravo, de bravura você entende. Olhe para a frente, ponha um calendário novo na parede, passe as folhas com gosto e faça planos. Veja a vida se abrindo adiante, num caminho que só depende da maneira que você escolha trilhá-lo. Mas não faça nenhuma lista. Elas são a melhor forma de se irritar um ano. A gente já começa com aquela responsabilidade de atender às suas expectativas e isso, convenhamos, é um saco! Seja justa com o próximo ano. Aceite-o, entenda-o e acolha-o, dia após dia, a cada folha que cair. Faça isso e vocês serão bons amigos".
Fiquei ansiosa e meio amedrontada. Só por garantia, resolvi perguntar: "Acha que eu consigo?"
2011 me sorriu com uma cara levada, de menino custoso que sabe o jeito de aprontar e respondeu: "De uma coisa eu tenho certeza - você vai fazer o melhor que puder. Sabe por que? Porque você não sabe fazer diferente. Agora chega de besteira e me deixa ir. Não seja tão egoista."
Quando a última folha do calendário ameaçava cair, tentei uma última pergunta: "E o que eu faço com esse dia?"
O ano suspirou. "Faça o que te mais te deu prazer, minha flor. Acorde cedo, veja o dia clareando, caminhe no parque, faça um arrastão na casa, tire tudo o que não serve mais, ajeite os cabelos, coma algo gostoso e acredite. Acreditar foi o que você fez de melhor durante o tempo em que estivemos juntos."
E eu entendi que alguns anos são realmente especiais. Os que conversam com a gente, então, nem se fala.
Desejo a todos vocês um 2012 que converse, que sorria e esperneie. Desejo um ano que os faça sentir vivos, alerta e conscientes. Desejo um ano de realizações e de reconhecimento dos momentos felizes.
Beijo enorme pra todo mundo que me acompanhou neste ano tão querido.
Até 2012
Fê Coelho
Plágio é crime e deve ser encarado como tal. A divulgação dos escritos é uma honra, mas os créditos são compulsórios.
Um espaço para dividir minhas crônicas, outros textos e percepções malucas.
sábado, 31 de dezembro de 2011
Fica? Não fico!
O que se pode fazer com o último dia do ano? Como aproveitar o derradeiro suspiro do calendário que derrubou todas as folhas, uma a uma, numa cascata de vida? O que fazer com a sensação de que o dia deveria durar mais que o previsto?
Agora, assim, na foz do ano, no momento em que ele desemboca na memória para virar lembrança e ensinamento, bateu uma nostalgia danada. Veio uma sensação esquisita de despedida, que eu nunca havia experimentado. Deu aquela vontade de permanecer e eu pedi.
"Fica, 2011, que a gente ainda tem muito pra conversar. Não vai embora, assim, de uma vez. Senta um pouco e come um pão de queijo quentinho. Fica porque, embora você tenha sido muito bravo, eu aprendi muito. Vamos aproveitar só mais um pouquinho... E não, não faz essa cara de estressado, de pai que chegou na festa de adolescentes no horário combinado e vai ter que esperar mais meia hora no carro, pro filho tentar a sorte com a menininha de vestido rosa. Não olha pra mim desse jeito. Só fica mais um pouco. E se 2012 for carrancudo? E se ele não gostar de mim? E se ele puser o pé na minha frente, pra eu cair?"
E ele me respondeu.
"Deixe de bobagem, menina. Eu vou pro passado, pro lugar que é dos dias vividos, das boas e más lembranças. Vou pro tempo, pro baú. Me deixa passar, querida, que eu já dei o que tinha que dar. Não me prenda, nem se prenda a mim. Tenha coragem, porque se 2012 for bravo, de bravura você entende. Olhe para a frente, ponha um calendário novo na parede, passe as folhas com gosto e faça planos. Veja a vida se abrindo adiante, num caminho que só depende da maneira que você escolha trilhá-lo. Mas não faça nenhuma lista. Elas são a melhor forma de se irritar um ano. A gente já começa com aquela responsabilidade de atender às suas expectativas e isso, convenhamos, é um saco! Seja justa com o próximo ano. Aceite-o, entenda-o e acolha-o, dia após dia, a cada folha que cair. Faça isso e vocês serão bons amigos".
Fiquei ansiosa e meio amedrontada. Só por garantia, resolvi perguntar: "Acha que eu consigo?"
2011 me sorriu com uma cara levada, de menino custoso que sabe o jeito de aprontar e respondeu: "De uma coisa eu tenho certeza - você vai fazer o melhor que puder. Sabe por que? Porque você não sabe fazer diferente. Agora chega de besteira e me deixa ir. Não seja tão egoista."
Quando a última folha do calendário ameaçava cair, tentei uma última pergunta: "E o que eu faço com esse dia?"
O ano suspirou. "Faça o que te mais te deu prazer, minha flor. Acorde cedo, veja o dia clareando, caminhe no parque, faça um arrastão na casa, tire tudo o que não serve mais, ajeite os cabelos, coma algo gostoso e acredite. Acreditar foi o que você fez de melhor durante o tempo em que estivemos juntos."
E eu entendi que alguns anos são realmente especiais. Os que conversam com a gente, então, nem se fala.
Desejo a todos vocês um 2012 que converse, que sorria e esperneie. Desejo um ano que os faça sentir vivos, alerta e conscientes. Desejo um ano de realizações e de reconhecimento dos momentos felizes.
Beijo enorme pra todo mundo que me acompanhou neste ano tão querido.
Até 2012
Fê Coelho
Quem sou eu
A autora por ela mesma
- Fernanda Coelho
- Uma pessoa muito bem humorada, otimista incorrigível, tentando se encontrar nesse mundo maluco.
Boas vindas.
Seja bem vindo você que vem curioso, que vem interessado ou mesmo desacreditado.
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
Seja bem vindo você que me lê e descobre-me aos parágrafos.
Aproveita as palavras que encontrar por aqui e fica à vontade: a casa é sua. Só não põe o pé na mesa.
Sejam todos bem vindos.
Beijinhos
Fê
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2 comentários:
Ai caramba,vc me emocionou. Que texto lindo! Sua habilidade com as palavras é algo encantador,inexplicável. Feliz 2012 pra vc. E que fique registrado que eu fiz parte de um pedacinho do seu austero 2011! E mt me orgulho de tê-la conhecido...bjs cariocas
Uau, Frenanda! Arrepiei com seu texto, gostaria de ter escrito ele, tive sentimentos tão parecidos, a identificação foi inevitável.
Que você construa diálogos ainda mais inusitados com o ano de 2012!
Beijo.
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