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Correndo o risco de me enveredar por uma lista de lugares comuns, eu afirmo: sonhos são plantas. São organismos vivos e pulsantes, que dão flores e frutos conforme as condições que lhe sejam dadas.
Alguns deles são interessantes porque nascem espontaneamente, como árvores semeadas por pássaros. A respeito desses, pode-se dizer que sua beleza reside no inesperado, em sua capacidade nata de surpreender, de surgir - distinto - em uma paisagem onde não se esperava encontrá-lo. Falo, aqui, de coisas como uma vontade súbita de comer crème brûlée em Paris, falando o idioma local, a caminho de um curso que jamais se pensou em frequentar. Os sonhos semeados por pássaros são aqueles pelos quais nunca pedimos, mas que simplesmente aparecem em nossas vidas. Surgem sem quê nem porque e apenas são, sem que se saiba de onde vieram e porque foram parar ali.
Há as aspirações que nos chegam na forma de pequenas mudas. Elas estão disponíveis para consumo, prontas para o plantio. São os sonhos que, espera-se, tenhamos - uma casa, um carro, uma profissão, talvez um casamento e filhos. Esses já vêm meio nascidos e criados, porque já foram sonhados por outras pessoas em nosso lugar. São sementes que não plantamos, mas consumimos - por vontade, necessidade ou para atender às expectativas - o que eu chamaria de "sonhos padronizados". Não se engane: por mais rebelde e original que você seja, por mais distante que esteja das convenções sociais, você vai ter um desses.
Os sonhos que escolhemos ter são aqueles cujas sementes plantamos e cujo desenvolvimento acompanhamos. Podemos, ao longo da vida, plantar várias sementes. Isso não quer dizer, entretanto, que elas chegarão a dar frutos. Recordem a experiência do feijão plantado no algodão. Alguns desejos são assim, plantados e regados, mas não têm condições para se desenvolverem a contento. Outros, felizmente, são plantados em solo fértil, em corações com firme propósito para realizar. Esses prosperam, crescem e se tornam robustas árvores frutíferas.
Considere o leitor, todavia, que nem toda árvore encontra sua utilidade na produção de frutos: algumas são destinadas a embelezar os ambientes. Da mesma maneira, alguns sonhos servem para tornar nossa vida mais colorida, mais exuberante. Destinam-se a se tornarem nossos motivos para suspirar numa tarde de quarta-feira, por exemplo.
Não importa a finalidade, uma coisa é comum a todas as aspirações: elas só se desenvolvem mediante o cuidado. É mister dedicar tempo e atenção aos próprios sonhos, sob pena de que eles nunca passem de pequenas experiências em chumaços de algodão. É necessário que se dê aos sonhos aquilo de que eles precisam para se tornarem fortes e robustos, para que sejam mais que pequenos brotos. Dê aos seus sonhos sua atenção, intenção, firmeza de caráter e liberdade. Dê a eles espaço para crescer e eles tornarão sua vida mais colorida, rica e interessante - para dizer o mínimo.
Beijinhos
Fê Coelho
1 comentários:
Fantástico!! rrss
Sim...Devemos dar asas aos sonhos para que cresçam e deem frutos.
Vou além...
Para Deus todos os sonhos são possíveis - por que não, pedir uma mãozinha??
Com carinho...
De papo com Deus
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