sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sobre Quebra-cabeças e a Vida

Dia desses, pensei que viver é algo como montar um quebra-cabeça sem nunca ver o desenho na caixa. Peça vai, peça vem, a gente vai montando os dias sem nunca saber ao certo o que vai ser. Podemos imaginar, supor, tentar prever. Todavia, o desenho completo, colorido e rico, só nos é apresentado lá bem longe,  onde a vida faz a curva.

Não nos é dado antecipar o quadro pronto; apenas uma pecinha por vez. Um dia, um sorriso, um encontro, um curso, uma decepção, uma coisa de cada vez. Cada novidade, uma peça que tentamos encaixar sem saber muito bem a que parte do todo ela pertence.

E assim vamos vivendo, comemorando cada parte que se encaixa e lamentando tudo aquilo a que não conseguimos dar sentido.

E nesse ponto vale a experiência daqueles cujos quebra-cabeças já estão mais adiantados: algumas partes não se ajustam agora, mas logo se adaptarão. Vale entender que alguns momentos parecem desconexos pela falta do que ainda virá,  do que trará o sentido a esse desenho parcelado a que chamamos vida.  Vale compreender a arte da espera, a habilidade de não insistir na peça que teima em não servir. É necessário entender o processo e saber que tudo tem o lugar e o momento oportuno.  A gente só não sabe qual é ele. Pelo menos não até que a conexão se apresente.

E não adianta tentar se guiar pelo quebra-cabeça do vizinho. O desenho dele é outro, com cores diferentes e pedaços diversos.  Ele não é mais bonito ou menos interessante; é apenas feito para outra pessoa. E, exatamente por isso, seria uma tolice sem tamanho montar a sua vida como se fosse a de outro alguém.

Talvez a tal felicidade passe por isso: encaixar cada peça da vida com alegria,  na certeza de se tratar de um momento único.  Porque a cada pedaço da vida que juntamos, solidificamos o passado. E esse, meu bem, não muda nunca.

O que quero dizer é que,  no fim das contas, não há garantias. Nunca houve. Tudo o que sabemos é que vivemos de não saber. Nos arriscamos na expectativa de que, afinal, sejamos um desenho bonito. E que nossa vida seja um quebra-cabeça que valha a pena ter sido montado.

Beijinhos
Fê Coelho.

2 comentários:

Tess disse...

Fernanda, esse texto se encaixa perfeitamente ao meu momento! Obrigada por me fazer perceber que não sou a única a vivenciar situações em que nada se encaixa, mas com a esperança de que, lá na frente, as coisas ficarão mais claras. Abs., Tess

Fernanda Coelho disse...

Tess, eu que agradeço a você por me permitir sentir companhia nesse processo. Às vezes, escrever é algo solitário e, quando alguém levanta a mão e diz "Ei, isso acontece comigo!" é simplesmente um bálsamo.
No fim das contas, as coisas se encaixam. Talvez não no tempo ou na ordem que gostaríamos, mas tudo encontra seu lugar.

Um abraço.
Fê Coelho.

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