E eu, que não falava de amor, agora decidi embarcar nesse trem. Eu, que não falava de amor, resolvi que talvez não doa fazê-lo. Ora, o amor - tema pintado, declamado, aclamado, e estudado é apenas um assunto. É mais uma das faces desse diamante que lapidamos durante anos; um que chamamos vida.
Nunca falei de amor, é verdade. Pelo menos não daquele sentido por duas pessoas que decidem se amar e construir uma história juntos. Não expressando minhas impressões a esse respeito. Houve alguns escapes, é verdade; mas se falei de amor, foi em histórias fictícias. Falei de um amor de mentirinha, daquele que a gente cria para a ficção. O amor da vida real é outra coisa.
Sempre me questionei o motivo de minha relutância. E recentemente tenho pensado ainda mais a esse respeito. Ora, tantas pessoas já esgotaram esse tema! Tantos se debruçaram sobre ele e compuseram mais do que poderíamos supor. Tanto já foi dito, que talvez eu ainda não houvesse encontrado minha própria forma de falar de amor. Creio que nunca tenha compreendido bem o processo, afinal.
Amar não é algo que se aprenda como conteúdo de prova. Não é algo em que se possa provar habilidoso; não em termos acadêmicos e racionais. Pode-se refinar os modos, os hábitos e as crenças. E creio que esse refinamento seja o responsável por produzir um amor sobre qual não haja motivo para censura.
O amor não é algo que se aprenda como conceito. Não. Ele é, antes, algo que se viva com consciência e verdade. Amar é entregar trechos de vida, pensamentos e intenções. É ter consigo um sentimento do qual se orgulhar e para o qual voltar. Todos os dias.
E sim, é amor, aquele bem-querer quentinho no peito da gente. É amor aquele buscar com os olhos e aquela vontade de fazer feliz. É amor aquela paz que te acomete e te diz que o coração encontrou pouso. E é amor a coragem de se admitir enamorado, sem o medo do arrependimento. Sem a censura fria de quem não tem assim tanta certeza.
A gente se preocupa demais com definições, quando - na verdade - o amor só demanda honestidade, verdade de sentimento. Ora, amor é quando a gente sente. E sentir já é o bastante para definir.
Beijinhos
Fê Coelho.