Qual é o seu maior sonho? Tive que pensar em uma resposta para esta pergunta esta noite. Foi um questionamento direto, fruto de uma conversa sobre ideias e sentimentos. Uma pergunta jogada, um parágrafo de uma só oração. Qual é o seu maior sonho?
Juntei todos os fragmentos daquilo que eu possa considerar um sonho, pensei em todas as sensações e respodi - rápido demais: "ser suficiente para minhas filhas; ter um emprego que nos possibilite viver confortavelmente, uma boa casa e condições para ser uma boa mãe; poder educar minhas filhas e ter algumas regalias". Bem classe média. Bem simples. Bem básico.
Acontece que não era só isso. Uma outra parte do meu maior sonho ficou aqui no canto da consciência, emburrada, com os braços cruzados, ameaçando fazer birra se eu não a assumisse: minha vontade de um dia ser reconhecida por algo que eu tenha escrito. E foi precisamente isso, o que me fez continuar a remoer a pergunta de minha amiga. Qual é o meu maior sonho?
Me inquietei e, como é de praxe, passei a analisar meus motivos, minhas vivências e aspirações. Olhei bem lá pra dentro, para onde nascem os sonhos e perguntei: "ei, você aí, qual é o seu maior sonho?"
E dessa vez a resposta veio devagar, suave, em ondas de fatos e sensações. A resposta veio na forma de música: Epitáfio, essa canção tão linda e tão triste, que normalmente me faz refletir sobre arrependimento. E foi, então, nessa resposta ao avesso, que encontrei o lado direito do meu maior sonho: me orgulhar.
Meu maior sonho é viver de uma forma que, lá do alto do morro da vida, na velhice - lugar onde os dias fazem a curva, e que nos permite enxergar tudo o que foi feito, dito, omitido e vivido - eu possa sentir orgulho do caminho que trilhei. Sonho em poder sentir orgulho de mim mesma, de meus dias, de minha descendência, de minhas conquistas, das amizades que cultivei, dos meus escritos. Sonho poder sentir satisfação pelo que vivi.
Talvez esse seja um sonho comum a todos os seres humanos. Talvez seja por isso que as pessoas escalam montanhas, adquirem casas, formam famílias, levantam pesos, navegam oceanos e fazem descobertas científicas. Talvez seja essa a mola do mundo: provar a si mesmo o seu valor. Ou quem sabe, seja apenas uma maneira simplista de resumir as grandes aspirações da humanidade.
De qualquer maneira, fica respondida a pergunta. Meu maior sonho é poder olhar para os meus dias e me orgulhar deles. É me realizar enquanto mulher, mãe, profissional e ter a certeza que, em cada situação, eu, se não consegui, tentei tirar o melhor.
Beijinhos
Fê Coelho
2 comentários:
Viver sem sonho eh sobrevida.
Lindo texto prima!
Marcelo
Marcelo! Quanta saudade de você, primo. Que coisa maravilhosa receber você por aqui. Muito obrigada pelo carinho. Vindo de você significa muuuuito.
Beijo enorme e cheio de saudade.
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