Embora seja matéria de extrema importância, os balanços de final de ano costumam ser tratados com uma superficialidade irritante. Amiúde, vemos as pessoas rotulando como simplesmente"bom" ou "ruim" um período de 365 dias, em que ocorreram coisas a perder de vista, com desdobramentos que certamente influenciarão todos os próximos anos. Triste é ver que muitas pessoas, ou não percebem, ou se esquecem disso.
Teoria do caos à parte, vou escolher uma palavra para definir o que 2011 foi para mim: especial.
Esse último ano foi de muito crescimento e aprendizado permeado por muitas alegrias e tristezas. Foi um ano em que as perdas se tornaram ganhos e os dias torceram-se em seus próprios eixos de uma maneira vertiginosa, para mostrar-me algo melhor. 2011 foi o ano em que descobri algo inimaginável: sou fã das tempestades.
Não me entendam mal: não gosto de sofrer. Acontece, apenas, que descobri o poder criador dos problemas. Entendi a maravilha que se esconde nas adversidades, nos dias em que lutamos para seguir.
Fazendo um paralelo simplório e bem usado (mas que me parece o mais ilustrativo) entre a vida e uma embarcação no oceano, talvez eu consiga explicar meu ponto de vista.
Todos sabemos que há anos mais tranquilos e outros mais turbulentos. Os seres humanos que já passaram pela adolescência têm uma consciência aguda desse fato. Alguns períodos da vida são de calmaria, águas tranquilas, vento suave e pequenas ondulações. São dias de sol em que nos permitimos apenas boiar, ao sabor da tranquilidade e dos sorrisos. Sentimo-nos, então, felizes e realizados. Tranquilos, aproveitamos a bonança e traçamos planos para um futuro ensolarado e florido de belos dias. Acontece que o vento manso não traz tensão às velas. A calmaria não direciona a embarcação e corremos o risco de ficarmos perdidos nessa zona de conforto, de não seguirmos viagem, de não progredirmos. Arriscamo-nos a apenas existir, sem, contudo, viver efetivamente.
As tempestades, por outro lado, sacodem o barco, tensionam as velas e nos impulsionam. É um período difícil de se tolerar. São dias em que muitas coisas se quebram ou se perdem, lançadas para fora da vida pelos fortes ventos e pelas ondas. São momentos de caos, chuva e ventania. É quando só permanece de pé o que for realmente sólido, o que foi bem-feito, bem-construído.
Nos momentos em que a vida sacode, descobrimos quem é realmente forte, porque há duas opções apenas: o desespero e o manejo do leme. Algumas pessoas escolhem o lamento e fazem da sua própria vida uma tormenta amplificada, com ondas muito maiores do que as que realmente se levantam. Outras, as minhas preferidas, tomam o leme nas mãos, brigam com as ondas e fazem de sua existência o melhor que puderem. São pessoas que não se deixam abater pelos ventos e que não se assustam com o barulho dos trovões. Não que não duvidem ou que não sintam medo, mas essas pessoas sabem que não fazer nada é sempre pior.
E nessa hora a maravilha acontece. Porque a vida premia os corajosos com a vitória, a paz ou apenas o conhecimento, não importa. Fato é que os que se atrevem a erguer a cabeça nos momentos difíceis acabam vendo além das brumas. Quem permanece lutando com os ventos, firme no leme da própria vida, é impulsionado para frente, para um lugar melhor, longe dos destroços de uma vida estagnada.
Este ano foi de tormenta. Houve dias extremamente difíceis, mas em todos eles eu pude ver um objetivo e de todos eles eu pude tirar um aprendizado.
E o maior ensinamento de todos, aquele que gostaria de compartilhar com vocês nesse final de ano é o seguinte: quando a vida sacode e os problemas se levantam, coragem. Quando a tormenta chegar, sejam firmes. Quando os dias forem difíceis, tenham esperança. Porque a vida premia quem se atreve a vivê-la e recompensa o esforço de quem não se deixou vencer.
Que 2012 seja um ano de muitas realizações e vitórias para todos.
Beijinhos
Fê Coelho.