quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A menina e o corselet: uma parábola.



A menina sonhava com um corselet. Desejava ardentemente se ver dentro de um, porque afinal de contas, todas as meninas da sua turma achavam o máximo usar um corselet - como se fosse um atestado de boa conduta, de competência e de sucesso.

Ela imaginava como seria a vida depois que tivesse conquistado o direito de usar o acessório. Se perdia em devaneios, sonhando com os elogios que receberia e com a imagem que faria de si mesma quando estivesse no grupo seleto das mulheres que usavam corselets.

E então aconteceu: a menina conseguiu um corselet. Ela estava radiante, feliz da vida. Toda ela era expectativa e ninguém poderia demovê-la daquele estado de espírito.

Disseram a ela que o modelo escolhido era muito ajustado. Explicaram que o corselet poderia até fechar, mas que, com o passar do tempo, se tornaria demasiado incômodo. Argumentaram que a menina era exageradamente livre, para se moldar a uma peça tão apertada.

As pessoas conheciam a menina. O problema é que a menina não se conhecia. Ela não sabia que precisava de tanta liberdade para respirar. Ela conhecia sua capacidade de se adaptar, mas não compreendia o quão maior era sua necessidade de ser livre.

E aconteceu que a menina teve uma ou duas ideias e ganhou um ou dois quilos. E o corselet ficou apertado demais - muito além do que a menina estava disposta a suportar.

A menina ficou perdida e desorientada, sem saber o que fazer. Sofreu e se descabelou, ficou sufocada e triste. E já estava para desistir e tentar emagrecer para se moldar novamente, quando lhe perguntaram: por que você tem que usar um corselet tão apertado?

E a menina percebeu, enfim, que não tem que usar o corselet. Ela não nasceu dentro de um! Num momento de insight, a menina reconheceu que pode viver sem o acessório e que pode mandá-lo às favas.

E agora?

Agora a menina está comprando roupas confortáveis e leves, se preparando para voltar a respirar outra vez.

4 comentários:

André disse...

parábola, achei que o post falaria de matemática assim que vi rsrs brincadeira =D.

Engraçado como falamos de liberdade e ainda assim fantasiamos muitas vezes motivos para nós prender a algo ou alguém.

Belo post Fê!
bjO!

Francesca Crews disse...

Amei seu blog, tinha passado por aqui uma vez mais me esqueci de seguir. Vi que você me seguiu, procurei tanto seu blog que acabei nem achando. sahusahuhusa (é ainda sou meia nova esse blogger, as vezes me enrolo um tanto, tão simples mas enrolo) Ai passando pelo perfil do André, meu amigo do coments acima, achei seu blog. Sabia que já o tinha visto, ai vi que era você :D Agora sim seguindo de verdade. Parabens pelo blog amei :D:D Bom domingo :>D

Sueli Gallacci disse...

Credo, Fê, fiquei com falta de ar! rsrs.
Odeio roupas apertadas, Já aboli até as "tradicionais", aquelas que toda mulher usa rsrs.

Lembrei do filme "E o Vento Levou"... Lembra da escrava amarrando o dito cujo na Scarlett O'hara? Perco o fôlego só em pensar rsrs.

Tua crônica me fez avaliar em como as mulheres sofriam antigamente. Hoje soltamos nossas amarras em todos os campos, e não somente no figurino... Muito bom, adorei!!!

Bjo enorme.

Fernanda Coelho disse...

Ei povos.

Dermelivre de matemática, André. Sou loira demais pra isso. hahah. E realmente, a gente fala de liberdade e nem sempre põe os conceitos em prática, né.

Francesca, querida, obrigada pela visita. Seja muito bem vinda por aqui. Se precisar de alguma coisa, é só dar o grito. rsrs

Su: De fato, as coisas que mais nos prendem são escolhidas por nós mesmos. A começar do vestuário. Ainda bem que estamos nos libertando, não?

Beijo pra vocês.

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