terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Querido Papai Noel

Achei que não fosse postar nada sobre o Natal, mas tenho recebido um bocado de mensagens carinhosas. Então acredito que pode cair bem, uma cartinha para o Papai Noel.


Querido Papai Noel.

Nesta carta peço coisas para mim, para meus amigos, para pessoas que me são caras e para as que são caras aos meus amigos. Sei que vai parecer muita coisa, mas Papai Noel, sei que o senhor dá um jeito.

Sinto muito e espero que o senhor não se zangue comigo, porque o que vou pedir não se fabrica ou se compra. Aí vai a minha lista:

Para os meus amigos que se comportaram e fizeram tudo certinho, na hora certa e do jeito certo,
traga um bocado de flexibilidade, um tantinho saudável de rebeldia e uma subversão inocente. Traga vontade de experimentar e de viver coisas novas.

Para os meus amigos que fizeram tudo errado, do jeito errado, com a pessoa errada e na hora errada,
traga juízo, Papai Noel, muito juízo. Assim eles vão precisar de menos band-aids emocionais.

Para os meus amigos que só comeram vegetais saudáveis, frutas orgânicas, que malharam todos os dias e que viveram numa busca frenética por uma juventude eterna, traga batata frita, um dia de vadiagem, e um espelho decente que mostre a beleza real que todos temos.

Para os que não fizeram nada disso aí, traga bom senso e vontade de cuidar de si mesmo.

Para as minhas amigas que cuidaram dos filhos, do marido, dos amigos, do trabalho e que, depois de tudo isso, estavam muito cansadas para cuidar de si mesmas, traga um tantinho de egoísmo saudável e o entendimento que só podemos cuidar do outro se estivermos bem.

Para quem se frustrou por esperar demais do outro, traga tolerância e paciência.

Para quem reclamou da vida, traga rédeas e ensine-os a usá-las para que entendam que são os responsáveis pelo próprio destino.

Para os meus amigos blogueiros, traga paz, saúde, amigos e ideias (muitas ideias, Papai Noel).

Para os meus amigos que não leem, traga o hábito da leitura.

E para os que leem demais, traga o hábito do descanso.

Pra todo mundo, traga vários dias felizes e a capacidade de reconhecê-los.

E traga, querido Papai Noel, tudo embrulhado bem bonito, que é pra gente perceber que tudo isso aí em cima são presentes bons e dos grandes.

Um grande beijo pra todo mundo que se aventurou pelo meu mundo meio maluco de palavras e sonhos.
Que vocês tenham um ano maravilhoso.

Beijão.


Imagem

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Encomendas


Tragam-me a praia, com areia branca, água fresca e vento cálido.
Tragam-me o sol, a maresia e uma cerveja gelada.
Deixem-me espreguiçar e sorrir à toa.

Tragam-me lençois de água límpida, com peixinhos coloridos.
Tragam-me um vestido branco esvoaçante, um chinelo de palha e todos os clichês.
Deixem-me brindar a calma e sorver a vida aos tragos.

Porque já estou de malas prontas.
Porque já estou de saco cheio.
Porque quero tudo e sem demora.
Porque, Deus do céu, estou escrevendo em versos.

Tragam-me uma praia gelada, uma cerveja límpida, um chinelo branco e um vestido de palha.
Porque a autora aqui já está pirando.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O que você vai ser, menina?


- Diga-me, menina, o que vai ser quando crescer?
- Desculpe-me mas já cresci e já tenho profissão.
- Você não está entendendo. Estou perguntando o que você vai ser quando crescer - e não que profissão vai seguir.
- Ah sim.

A menina ficou pensativa.

- Eu disse que já cresci. Já tenho vinte e oito anos.

- E eu continuo a querer saber: o que você vai ser quando crescer? O que vai ser quando se vir livre do que as pessoas esperam de você, da obrigação de agradar, da ansiedade de conquistar, da necessidade de provar? O que vai ser, menina, quando entender que estamos todos crescendo o tempo todo, quando perceber que suas escolhas antigas não são preditivas de suas escolhas atuais, quando finalmente aceitar que você está sempre crescendo e pode mudar? O que vai ser, menina, quando se desfizer das convenções, dos tratados implícitos que ninguém assinou, das boas maneiras que vêm sabe Deus de onde? E o que vai ser, menina, quando finalmente entender a grandeza da pergunta que te fiz?

A menina continuou calada

- Diga-me, menina, o que vai ser quando crescer?

A menina sorriu, parecendo entender.

- Vou continuar pensando e, daqui a algum tempo, eu te respondo.


Beijinhos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sabe? É aquela que...



Ontem à noite, quando eu cheguei para trabalhar, as pessoas estavam falando sobre um funcionário que falecera no final de semana.

- Sabe o fulano? Aquele que trabalhava no setor tal?
- Sei não. Um que era assim e assado?
- Não. Um que era assim, assim e assado. Que estava afastado.
- Ah, sei. Nossa, mas ele era tão novo...

E por aí foi a conversa. E sabe quando alguém solta a frase que vai te valer o dia todo? Pois aconteceu ontem.

Quando eu já estava quase saindo do vestiário, uma outra funcionária fez a seguinte observação: todo mundo tem uma marca, características que te identificam, quando alguém precisa explicar quem você é. E essa marca, independente de aceitarmos ou não o fato, somos nós quem construímos.

E eu fiquei com meus pensamentos. Alguns (ou vários) amigos já me disseram que eu penso demais. E penso mesmo! Me arrebento de pensar, de tentar ver as coisas de outro jeito, de tentar entender e de tentar melhorar. Porque eu acho que viver só pra gastar o O2 disponível no planeta é pouco.

Então, como sempre, eu pensei. Muito.

Fiquei imaginando qual seria a minha marca. Teci mentalmente conversas amenas, em que as pessoas me identificavam como Aquela, baixinha, de cabelo loiro, que vivia rindo e que andava parecendo que desfilava... ou outras bem mais assustadoras como aquela baixinha, que falava demais e ria o tempo todo, parecendo que não tinha mais nada pra fazer na vida. 

Não acho que podemos controlar a maneira como as pessoas nos veem, mas a maneira como nos apresentamos. E no fim das contas, tudo isso aí passa pelo crivo do amadurecimento - o que, no meu caso, tem demandado esforço e muito matutar.

 Embora meu pensar não tenha me elucidado qual é a minha marca, visto que para isso seria necessário muito feedback (e feedback às vezes doi), ele me mostrou o que absolutamente não quero ter como característica definidora.

Não quero ser conhecida ou lembrada pelo mau-humor, nem pela maldade ou pela ganância desmedida. Deus me livre de carregar o estígma de reclamona, fofoqueira e traíra. E deve ser terrível de verdade - batendo na madeira agora - ser lembrada (ou esquecida) por ser uma pessoa assim, assim, sem sal, açucar ou tempero. Aquela pessoa que passou a vida inteira ali e não deixou marca nenhuma.

Se eu não quero nada disso, então o que quero?

Essa é fácil. Quando eu não estiver mais por aqui, quero que me lembrem como uma pessoa intensa, que não teve medo de batalhar, que se jogou na vida e a encarou de frente. Quero que se lembrem que eu sorria muito, que me esvaía em doação, que comigo não tinha tempo ruim. Quero que se recordem que eu era meio doida e muito apaixonada. Quero que se registre meu amor alucinado, incondicional e incessante por minhas filhas e que se recorde minha ânsia por viver.

Se é isso que vai acontecer? Não tenho a menor ideia. Mas vou aqui e acolá tentando pisar nos lugares certos, para que as pegadas que deixar atrás de mim conduzam a um lugar melhor.

Beijinhos



 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tem um post entalado aqui.



Tem um post entalado aqui. Juro que tem. E quando ele sair não vai ser bonito.

Não vai ser floridinho, nem cheio de fru-fru. Não vai ter senso de humor, nem palavras rebuscadas. Não vai evocar saudade nem deixar ninguém suspirando.

Vai ser objetivo, argumentado e articulado. Vai sair espasmódico, rasgando o silêncio e voando pelo teclado. E depois vai ser saboreado, lapidado e modelado.

Porque cada palavra deverá ter o seu lugar exato. Porque quero que me compreendam, sem margem para interpretações. Porque quero que saibam o que me incomoda e com o que me recuso a ficar conformada.

Pode ser que ele nem chegue a ser lido, visto que não será divertido de ler. Mas pode ser que seja lido além da conta e me traga um problemão.

Alguns posts irão me ajudar a modelar as ideias, até que o post final esteja pronto. Mas já tenho uma noção da temática e vou dizer sem demora, para que possamos inclusive discutir previamente: Num mundo cão, somos todos putos.

Ah, minha Nossa Senhora da Churupita! Tem um post entalado aqui. E quando ele sair não vai ser bonito.

Beijinhos

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Alguns seres imaginários, de onde vêm e para que servem.


Quem nunca ouviu uma história envolvendo lendas e seres folclóricos quando criança que levante a mão. Alguém? Ninguém? Ótimo.

Quem aqui se lembra de já ter sido apresentado a lendas totalmente descabidas para explicar coisas que os adultos não conseguem, não podem ou simplesmente têm vergonha de elucidar?

As lendas estão presentes em todas as culturas conhecidas. Elas são a mistura de fantasia e realidade e têm a característica da tradição oral. Sabem aquela história de quem conta um conto aumenta um ponto? É por aí mesmo. As pessoas usam fatos históricos ou acontecimentos reais para dar suporte às suas histórias e elas vão sendo transmitidas.

No geral, as crianças são apresentadas a muitas lendas e contos. Algumas dessas histórias servem para incutir valores, explicar fenômenos ou simplesmente distrair os pimpolhos.

Vamos a uma lista que inclui seres lendários e personagens de contos já conhecidos e alguns que vocês terão o prazer de conhecer (esses são invenções nossas aqui em casa)

1- Papai Noel. Vindo diretamente do Pólo Norte, o Bom Velhinho trabalha o ano todo incessantemente, para levar presentinhos a todas as crianças. Serve como argumento e moeda de troca para o bom comportamento das crianças durante o ano.

2- Coelhinho da Páscoa. Outro ícone estimulante de bom comportamento, o Coelhinho da Páscoa é bastante utilizado pelo comércio. Difícil explicar a mistura de coelhos e ovos, mas já que é lenda... Não se sabe de onde ele vem, nem pra onde vai. Dizem que o coelho é símbolo da fertilidade (pudera), mas não creio que seja esse o intuito dos ovos.

3- Cinderela. Personagem principal de um conto mais antigo que o guaraná de rolha, a Cinderela é o ícone da sofredora. Pobre coitada, às voltas com vassouras e sujeira, tendo que aturar as irmãs e a madrasta. O que me espanta é o fato de ela ainda ser obediente à fada madrinha. Imagina se depois de tanta ralação eu ia querer ir para um baile e voltar antes da meia noite? Ah não. Precisaríamos discutir isso aí melhor. Acho que a história da Cinderela serve para mostrar que divórcios e madrastas são coisa do cão.

4- Cuca. Dos recôndidos do Sítio do Pica-pau Amarelo para o mundo, a Cuca me matava de medo. Eu podia ouvir a sua voz nos meus sonhos. Acredito que ela servia para antagonizar as histórias do Sítio, dar um tempero e pra atemorizar as crianças mesmo.

5- Lobo Mau. O Ferrado preferido dos contos infantis. Ele nunca se dá bem. Em qualquer versão da Chapeuzinho Vermelho o Lobo só se ferra. Ou morre, ou tem a barriga cortada, ou as duas coisas. Na história dos três porquinhos, ele fica tostado. Coitado. O melhor Lobo Mau que eu conheço é o da Chapeuzinho Amarelo, do Chico Buarque de Holanda: "um lobo que nunca se via, que morava lá pra longe, do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, numa terra tão estranha, que vai ver que o tal do lobo nem existia". O lobo do Chico é o máximo. Ficou estressadíssimo quando viu que a Chapeuzinho não tinha medo dele. Os outros lobos servem pra dizer que quem é mau se ferra. O do Chico serve pra fazer uma sátira maravilhosa.

6- Fada do dente. Sabe Deus de onde ela vem, mas acho que deve ser da casa do último banguela de plantão. Serve para ajudar as crianças a tolerarem a perda dos dentinhos com mais serenidade. Dizem que ela deixa uma moeda debaixo do travesseiro, em troca do dentinho que se foi. No caso, ela saca a moeda da minha conta e coloca lá. Pense numa fada mala.

7- O Duende do mamá. Inventado aqui em casa, o Duende do mamá tem a finalidade de fazer as crianças deixarem a mamadeira sem choro. Trata-se de um duende velhinho e dentuço que, de tanto mamar ficou feio. Então ele resolveu que daria um copo bem bonito para as crianças que deixassem de usar a mamadeira. Gente. Eu juro que funcionou.

8- A Bela Adormecida. Essa eu estou colocando nem sei porquê. Acho que a Bela Adormecida não tem função nenhuma. Todos os talentos que ela tem foram dados por fadas - ou seja, ela não teve que ralar para conseguir nada. Nem o Príncipe Encantado! Tudo vem de mão beijada pra Aurora. Não gosto dela. Que me perdoem os fãs, mas uma mulher que dorme 100 anos, pra mim, não tem valor nenhum.

9- O Velho do Saco. Quem nunca ouviu falar no velho do saco? Aquele que pega as crianças. Bem, aqui em casa, ele tem uma função! Ele vive na escada de incêndio do prédio (único lugar que não tem câmera) e pega as crianças e - pasmem - raspa o cabelo pra fazer pincel. Com essa ninguém brinca onde não deve! Claro que tem uma observação: ele se pela de medo de mim. Então, quando é necessário e quando estiver com a mamãe e o papai, o Velho do Saco não vem.

10 - A Bela (de a Bela e a Fera). Esse ítem é só pra dizer que sou fãzoca dela. Corajosa, culta e nada convencional, a Bela conseguiu ir além dos preconceitos e enxergar a beleza até mesmo em uma criatura estranha. Sem contar que ela é linda e gosta muito de ler. Pra que serve? Sei lá! Só sei que eu gosto.

Beijinhos
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