Hoje me ocorreu algo que ainda não havia percebido: o quanto discordo da clássica pergunta "o que você vai ser quando crescer". Eu mesma já me fiz essa pergunta em outras ocasiões, quando pensava - em vão - que havia crescido o suficiente para respondê-la. Dirigindo para casa hoje, enquanto olhava as curvas da estrada e os montes muito à minha frente, compreendi que crescer é muito mais um processo do que uma finalidade.
Não concordo com esse hábito que temos de classificar o crescimento como um ponto fixo a ser alcançado, como um trono onde se assenta e reina para sempre. Crescemos toda vez que fazemos uma escolha, mas principalmente quando lidamos com os resultados dela advindos. Crescemos quando aprendemos a valorizar as pessoas que vivem ao nosso redor e quando compreendemos que amar é mais que apenas estar ao lado. E quem dirá que não crescemos quando as lágrimas percorrem seu curso? Muitas vezes o sofrimento é professor mais eficaz que a bonança.
Com tudo o que vejo, cresço um pouco mais - em memórias, em conhecimento, em ideias e num tesouro que é só meu. Cada abraço que recebo ou distribuo me torna maior em afeto; a cada sorriso, cresço em contentamento. Cada nova pessoa que passa a compartilhar de meus dias acrescenta vida a eles. Cada música que ouço me faz crescer em emoções. Toda risada me faz ser maior. Toda vez que me doo, cresço. E a cada perrengue que enfrento, cresço em possibilidades de resistir.
Crescer, às vezes, dói. Incomoda. Assusta. Sempre foi assim - vide o primeiro dia de aula, o primeiro emprego, o primeiro beijo e outras tantas estreias. Enfrentar aquilo com que não ousamos sonhar é uma das formas mais bonitas de crescer e uma das mais difíceis. Aceitar que não estamos prontos requer humildade para nos reconhecermos pequenos. E talvez nisso resida a verdadeira grandeza.
Pode ser que eu esteja errada, como tantas vezes já estive. Quem sabe, essas ideias de hoje sejam apenas um sopro, um vislumbre de algo maior - que eu, em minha pequenez, ainda não consigo compreender. Perdoe-me o leitor, se me perceber no engano. Todavia, tenho cá comigo, hoje, a impressão de que não importa tanto assim o que queremos ser quando crescermos; interessa, sim, saber como queremos
estar, enquanto crescemos.
Beijinhos
Fê Coelho.
1 comentários:
Ótimo texto Fernanda! Vc escreve mesmo muito bem! Parabéns.
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