terça-feira, 5 de abril de 2011

Reflexões sobre viver sozinha


Descobri uma coisa que não tinha como saber antes: a pessoa mais complicada do mundo para se conviver é - acreditem - você mesmo.

Sim, leitor querido. Descobri que, a despeito de toda minha extroversão e de minha "cuca fresca", sou uma chata de galocha, no que se refere ao trato comigo mesma. Porque uma coisa é você desculpar as faltas, brincadeiras e mancadas dos outros; outra bem diferente é ser tolerante consigo mesmo, certo? Sei que tem gente por aí que é autoindulgente em demasia - para não dizer sem consciência - e sei que em alguns momentos a tentação de passar a mão na própria cabeça é grande. O problema é que essa carapuça não amarra em mim, muito embora eu fique olhando para os cordões com cara-de-cachorro-que-caiu-da-mudança.

A sensação de ser obrigada a me tolerar o tempo todo é engraçada: um misto de "ai Jesus" com "vem cá minha nêga". Em alguns momentos, me cobro tanto que nem eu me aguento. Em outros, estou em plena lua de mel comigo, me encho de carinhos, mimos e atenções. O que é ponto comum nas duas situações é que fico agindo como se fosse minha própria mãe: ora me cobro, brigo e esfrego até entrar na linha; ora me encho de tanta manha, que qualquer dia desses dou uma birra de frente para o espelho.

Essa semana, por exemplo, me peguei sendo cri-cri com a organização da casa. Tudo bem que, na onda de faxina em que me encontro, deixar bagunça espalhada pela casa seria quase um oitavo pecado capital. Mas não acho que seja pra tanto. Ferver panos de prato já está um pouco além da medida - pausa para me desculpar com as possíveis donas de casa ofendidas (meninas, sou fã do trabalho de vocês).

O que quero dizer é que passei a me cobrar coisas e atitudes que, em outras ocasiões, não me causavam prurido algum. Exemplificando: não há um só par de sapatos fora do lugar; lavo meu rosto e passo antissinais religiosamente duas vezes por dia; estou caprichando na alimentação, passei a me preocupar com minhas horas de sono, enfim, um monte de coisas que não fazia antes e que agora cismei em fazer.

E sabem de onde parece estar vindo isso tudo aí? Do simples fato de que agora tenho que ocupar meu tempo comigo mesma, basicamente. Vinte e quatro horas de um dia inteiro prestando atenção em mim, é de pirar. Por isso tantas atividades: para que a Fê Coelho e eu possamos nos dar superbem.

Não que minha convivência comigo mesma seja difícil, compreendam, estou acostumada comigo. Entretanto, ocorre que em meio a tantas atenções para com outras pessoas, raramente me sobrava tempo para fazer o mesmo comigo. E parece-me que uma parte altamente exigente de mim resolveu me cobrar os "atrasados" com todas as correções.

Então que seja! Vou me encher, aturar, cobrar e mimar até que a Fê Coelho, versão Beta, tenha terminado a bateria de testes e dê lugar a uma versão melhor de mim. Até lá, segue o seco.

Beijinhos

5 comentários:

Jéssica disse...

Você chamou a minha atenção pra mim mesma com esse post. Acho que eu tenho me esquecido um pouco, ou pelo menos esquecido o que eu sou AGORA.
Mais um post de reflexão, amei! *-*

Seu blog é fantástico mesmo!^^
Obrigada pela visita ao meu!

Beijinhos!

Fernanda Coelho disse...

Acho que todo mundo se esquece de si, de vez em quando, né? Até porque, prestar atenção o tempo todo é cansativo. O pulo do gato é fazer do fato de se cuidar e se amar um hábito.

Obrigada pela visita. Fiquei muito feliz.

Beijo

Rafael disse...

Nanda, lindo texto. Estou sempre acompanhando seu blog. Tive problema com meus seguidores. Caso seja seguidora, por gentileza, siga novamente. Caso não, dê uma passadinha no meu blog:

http://deletrasasentimentos.blogspot.com/

Tais Luso de Carvalho disse...

Poxa...Hoje aprendi alguma coisa por aqui; algo que preciso mudar: dar mais atenção a mim. Porém, Fê, temos, também, aprender a nos perdoar!

Muitas vezes me pego perdoando a todos e a mim trato com tivesse que fazer tudo perfeito, nos trinques. Tipo sargentão. Conseguir esse equilíbrio, de exigências, cobranças, afrouxa um pouco aqui e aperta ali, é que enlouquece.

Não quero mais tantas cobranças; viver com mais leveza talvez seja o melhor caminho, afinal, a vida termina logo ali! Mesmo se conseguirmos chegar aos 90 anos, o que é 90 anos na história? Muito pouco. Nada!

Por isso que, ao me cuidar, também preciso me perdoar. Mas nada é muito complicado, é só começar a refletir dentro de nossas verdades e ver o que vale realmente.

Adorei o texto e vai servir para algo. Alguma mudança.

Também estava com saudades de você!
Beijo grande, amiga!
Tais Luso

André disse...

Antes de tudo tenho que deixar o meu Pedido de desculpas como carro chefe, então: Desculpa pelas faltas [todas elas].

Quanto a minha amigaÇa em versão beta, sei que é mais uma fase de redescoberta da pessoa maravilhosa que você é, que os mimos são prêmios mais que merecidos e as cobranças as vezes um pouco injustas.
bjO amigaÇa!

P.S.: esperando que a Fê Beta perdoe os amigos sumidos rsrs...

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