sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Feliz por Tabela. Um texto sobre cócegas na alma da gente.


Todo mundo tem um costume, uma mania e uma forma de agir, ser e sentir. Todo mundo se expressa da maneira que bem entende e acredita ser adequada. Ou não: tem gente que se fantasia de polêmica por puro gosto. Há quem goste de brigar e a galera fã de um paparico. Tem gente abnegada, feliz, carrancuda e gente que ao invés de nascer, resolveu estrear. Cada um com um jeito e uma forma de estar nesse mundão velho e sem porteira. Eu tenho uma mania, leitor querido, e vou confessar: existe cá comigo um costume egoísta de querer ver todo mundo bem.

Eu explico. Ou tento. Algo assim.

Quando vejo alguém próximo de mim feliz, é como se parte daquela felicidade fizesse uma espécie de eco aqui no meu coração; é algo como cócegas na alma da gente. Então começo a me sentir feliz por tabela. E não estou falando de uma daquelas felicidades pálidas, amarelo bebê, do sorriso pra fora. A alegria que me visita, quando vejo alguém próximo de mim feliz, é daquelas do tipo rosa choque com bolinha verde. É uma felicidade escandalosa, que me faz rir sozinha dentro do carro e cantar enquanto corro no parque. Esquisito? Provavelmente. Acontece que as pessoas já decretaram por aí que ser normal está fora de moda. Então vamos pirar e rir, que é pra sorte abrir.

Sempre fui uma pessoa bem-humorada e procuro me manter assim a maior parte do tempo. A verdade é que quando estou de calundum, com a vó atrás do toco, com o ovo virado, com a pá virada ou só mal-humorada mesmo, fico tão chata que nem eu mesma me aguento. Então prefiro estar alegre. Escolho ver as coisas pelo melhor lado e tirar de cada dia, situação ou da relação com as outras pessoas aquilo que houver de bom. Por quê? Pela simples e inegável necessidade de estar bem, feliz e serena. Confesso, leitor, sou uma pessoa movida a sorrisos. Preciso deles para estar bem.

E é nesse sentido que considero egoísta essa mania de querer que as pessoas saiam da minha presença melhores do que chegaram. Preciso - do verbo necessitar muito - sentir que faço bem aos outros.  Isso insere, de alguma maneira, mais sentido nas horas gastas entre acordar e dormir. E sinto muito, se pareço egocêntrica, mas não posso viver sem a impressão de ter plantado boa semente; e menos ainda, sem a expectativa de colher bons frutos.

Gosto de gente que faz planos, que sonha e sorri. Encanta-me a inocência das crianças e sua maneira espirituosa de dizer a verdade sem rodeios, com tanta simplicidade que não há remédio senão rir. Amo olhar para o dia, enxergá-lo colorido e pensar que ele é uma caixa de presente - daquelas com laço de fita - cheia de possibilidades. E acima de tudo, gosto de pensar que levo a paz comigo. Imagino que um pouco dela vá ficando pelo caminho, a cada sorriso que distribuo.

Se tenho êxito, não posso afirmar, leitor querido. Todavia, gosto de pensar que sim. Porque tenho esse costume egoísta de desejar o bem das pessoas à minha volta, de maneira que possa ficar sempre um pouco mais feliz. Sabe o que é? A felicidade dos outros provoca algo como cócegas em meu coração e não posso evitar de ficar feliz por tabela.

Beijinhos
Fê Coelho

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